Oscar 2020
A escolha do filme sul coreano Parasita foi impactante para o conservadorismo exacerbado da era Trump

A 92ª premiação do Oscar ousou ao consagrar na noite de 9 de fevereiro “Parasita” de Bong Joon Ho não apenas como melhor filme em língua estrangeira como também melhor roteiro original, melhor diretor e melhor filme, um feito inédito que internacionalizou o evento sempre associado à indústria americana. A escolha do filme sul coreano também foi impactante para o conservadorismo exacerbado da era Trump.
Quando a icônica atriz Jane Fonda entrou no palco do Dolby Theater em Los Angeles e anunciou a vitória de “Parasita” como melhor filme, seu vestido vermelho acentuou ainda mais o grito de protesto sufocado na classe artística Hollywoodiana diante do atual governo, dispensando palavras ou qualquer discurso. Também foi uma premiação de resultados já esperados em algumas categorias como Joaquin Phoenix, melhor ator por “Coringa” ; Brad Pitt, melhor ator coadjuvante por “Era Uma Vez em Hollywood”; Laura Dern, melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento” e Renée Zelwegger, melhor atriz por “Judy – Muito Além do Arco-Íris”, os quatro repetindo a vitória alcançada em outros eventos da temporada. No caso de Zellwegger, sua vitória concretizou uma mea culpa que atravessa décadas uma vez que a biografada Judy Garland, uma lenda da era de ouro, amargou grandes injustiças em vida, nunca tendo ganho um Oscar competitivo.
Academia parece ter se especializado em compensar perdas já que não indicou Greta Gerwig como melhor diretora por “Adoráveis Mulheres” , mas conferiu ao filme o prêmio de melhor figurino além de ter o tempo todo destacado as mulheres de forma mais indireta como Idina Menzel e as várias vozes internacionais que dublaram a princesa Elza cantando juntas no palco. Lamentável que a voz brasileira da personagem tenha sido ignorada. O Brasil e o Oscar parecem não ter um relação muito boa, já que mais uma vez vemos a estatueta dourada ir para outras mãos, no caso o prêmio de melhor documentário foi para "Indústria Americana" em vez do nosso brazuca "Democracia em Vertigem" de Petra Costa.
Já era esperado que "1917" de Sam Mendes levasse alguns dos prêmios da noite, ficando com 3 dos 10 prêmios para os quais foi indicado: Melhor mixagem de som, melhor efeitos visuais e melhor fotografia para o excelente Roger Deakins. Nas categorias técnicas também foi louvável os prêmios de melhor edição de som e melhor montagem para "Ford Vs Ferrari", último suspiro da 20th Century Fox, que gora faz parte da Disney. Confesso que não apostava na vitória de "Toy Story 4" como melhor animação. Não que este seja um filme ruim, mas porque os outros indicados na categoria possuem valor inquestionável, mas parece que a Academia gosta da Disney. O esnobado da noite acabou sendo a Netflix em duas produções badaladíssimas "Dois Papas" e "O Irlandês". Esta ultima nada levou das 10 indicações que teve, embora seja um filme fantástico e que justica os aplausos recebidos por seu dietor o grande Martin Scorcese.
Elton John levou seu segundo Oscar de melhor canção por "I'm Gonna Love me Again" do filme "Rocketman", depois de uma fantástica apresentação ao vivo. O músico inglês poderia ter seu filme indicado em outras categorias, principalemente o ator Taron Egerton, que o personifica de forma surpreendente, na verdade bem acima até do que Rami Malek fez ano passado em "Bohemian Raphsody", mas a Academia parece não ter concordado.
Foi no momento tradicional do "In Memorian" que a voz de Billie Eilish cantando "Yesterday" dos Beatles entregou um dos momentos mais emocionantes da noite enquanto imagens dos talentos que perdemos desfilavam na tela, entre eles Doris Day, Buck Henry, Kirk Douglas e outros. Merecia se juntar na homenagem meu querido amigo Rubens Ewald Filho, que or décadas foi o "Homem do Oscar" participando da trasmissão do evento por várias emissoras como Globo, SBT, HBO e TNT. Esta restou uma homenagem ao Rubens durante um dos intervalos da premiação.Abaixo a lista dos premiados:
ESTE ARTIGO É DEDICADO À MEMORIA DO MEU AMIGO & MENTOR RUBENS EWALD FILHO
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Brad Pitt – Era uma Vez em… Hollywood
MELHOR ANIMAÇÃO
Toy Story 4
MELHOR CURTA ANIMADO
Hair Love
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Parasita
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
JoJo Rabbit
MELHOR CURTA METRAGEM
The Neighbor’s Window
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Era uma Vez em… Hollywood
MELHOR FIGURINO
Adoráveis Mulheres
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Indústria Americana
MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA METRAGEM
Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Laura Dern – História de um Casamento
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Ford vs Ferrari
MELHOR MIXAGEM DE SOM
1917
MELHOR FOTOGRAFIA
1917
MELHOR EDIÇÃO
Ford vs Ferrari
MELHORES EFEITOS VISUAIS
1917 – Vencedor!
MELHOR PENTEADO E MAQUIAGEM
O Escândalo
MELHOR FILME INTERNACIONAL
Parasita
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Coringa
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Rocketman – (I’m Gonna) Love me Again
MELHOR DIREÇÃO
Bong Joon Ho – Parasita –
MELHOR ATOR
Joaquin Phoenix – Coringa
MELHOR ATRIZ
Renée Zellweger – Judy: Muito Além do Arco-Íris
MELHOR FILME
Parasita


Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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