A Vida É Bela!!!
Como cinéfilo, não existe surpresa melhor que pegar um filme, coloca no seu no seu aparelho e depois de uns 20 minutos, já com um sorriso de canto, pensa: que filmaço!
Como cinéfilo, não existe surpresa melhor que pegar um filme (que não sabe a história e nem o diretor !!!), coloca no seu no seu aparelho e depois de uns 20 minutos, já com um sorriso de canto, pensa: que filmaço!!!
Assim é A Vida É Maravilhosa. Para começar, a dupla central chama atenção: Giacarlo Gianinni e Ornella Muti. Giannini é um ótimo ator italiano, que concorreu ao Oscar por Pasqualino Sete Belezas (Pasqualino Settebellezze, 1975) e que tem uma (muito) longa carreira, e recentemente foi visto em filmes de sucesso como 007 - Cassino Royale, Chamas da Vingança e Hannibal. Já Ornella, que também é italiana e tem uma longa carreira, sempre se destacou por conta de ser bela e talentosa. Ambos são dirigidos pelo excelente diretor soviético Grigoriy Chukhray.
Grigori Naumovich Chukhray nasceu em 1921, na cidade de Melitopol, conhecida como “a porta de entrada para a Crimeia”. Serviu como paraquedista na 2ª. Guerra Mundial, combateu em Stalingrado, no Don, na primeira e terceira frentes ucranianas. Foi ferido quatro vezes, a última na Hungria, quando estava a caminho de Viena. Em 1952, graduou-se em direção pelo Instituto Estatal de Cinema (VGIK), sob orientação de Mikhail Romm e Sergei Yutkevich. Trabalhou como assistente de direção no Kiev Film. Transferiu-se para o Mosfilm em 1955. Sua obra de estreia, O Quadragésimo Primeiro (1956), ganhou menção especial no Festival de Cannes e também foi lançada pela CPC Umes Filmes.
O Filme
A produção conta a história de um piloto que é expulso do exército depois se recusar a atirar contra uma embarcação que transportava mulheres e crianças em algum local na África. Depois deste evento, ele tenta, sem sucesso, levar uma vida pacata de taxista, porém, ele se apaixona por uma mulher que o envolve numa trama política.
Com o desenrolar do filme, percebemos como a vida para alguns não tem nada de maravilhosa, como remete o título, que nada mais é que um código usado por revolucionários na lutam contra a ditadura.
O filme alterna momentos poéticos com tensos, como prisão, tortura, interrogatórios... Dá para se ter uma boa ideia do que seriam as torturas militares. Todas as questões físicas que os prisioneiros são submetidos, além de deixar na imaginação os efeitos psicológicos que aqueles momentos ocasionam na vida do torturado. Momentos estes que o personagem central reafirma seu amor pela bela mulher, já que ele planeja uma fuga para se reencontrar com ela.
Contexto Histórico
Durante quase 40 anos, entre 1932 e 1968, Portugal viveu sob o governo paternalista e dominador de Antônio de Oliveira Salazar. Uma das ditaduras mais longas do mundo. Professor catedrático da Universidade de Coimbra, ele começou a ascender ao poder em 1928, então com 39 anos, ao ser nomeado Ministro das Finanças. Nessa função, ganhou notoriedade ao realizar um trabalho bem-sucedido de reestruturação da política econômica portuguesa, fazendo com que o país melhorasse sua reputação internacional.
Essa “competência financeira” de Salazar despertou a simpatia e a confiança do General Carmona, então Presidente da República, que percebeu nele uma personalidade com capacidade para construir um Estado Novo português. Apesar disso, passaram-se quatro anos até Salazar se tornar Primeiro-Ministro.
Como líder máximo do país, Salazar instituiu o Estado Novo como queria Carmona, porém governou o país, baseado na repressão e na censura. Ele se propunha a “reeducar” moralmente o povo português, que considerava “despreparado”, e preservar os pilares do cristianismo. Para isso, isolou o país do resto do mundo, mantendo-o neutro inclusive durante a 2ª Guerra Mundial. Entretanto, simultaneamente o ditador comandou com “mão de ferro” as colônias portuguesas na África e na Ásia. Não admitia o fim da colonização.
A ditadura salazarista foi abolida a 25 de abril de 1974, por um movimento militar pacífico, a Revolução dos Cravos.
Sobre o Colunista:
Marcus Pacheco
Marcus V. Pacheco é jornalista, formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cinéfilo, Editor de site, Colecionador e Escritor. Marcus já realizou vários curtas metragens e um longa chamado "O último homem da terra (2001)", baseado no conto de Richard Matheson. Escreveu também 30 e-books sendo 29 sobre cinema e um de ficção que está em fase inicial para publicação. Criador e editor do site "Tudo sobre seu filme (http://www.tudosobreseufilme.com.br/)" onde publica críticas, listas, aulas de cinema e curiosidades do mundo da 7ª arte há 4 anos, além de realizar entrevistas com atores, diretores, críticos e colecionadores do mundo todo.