RESENHA CRTICA: Vermelho Russo
No um filme para qualquer pblico, mas a classe artstica, assim chamada, ir com certeza curtir o filme modesto mas curioso e simptico
Vermelho Russo
Brasil, 2016. 90 min. Direção de Charley Braun. Com Elena Babenko, Maria Manoela, Soraia Chaves, Esteban de Colombi, Michel Melamedi, Martha Nowill, Michael Thronik.
Atrás deste pseudônimo estranho se esconde ou se expõe, conforme você achar, a figura de um diretor de três curtas e que demonstrou talento no interessante Além da Estrada (2010), um “road movie” passado no Uruguai (onde sua família tem raízes incluindo sua irmã - meio irmã se me lembro bem), Guilhermina Guinle. Chega agora com um novo filme de estrada, pensando bem... Feito com o mínimo de custos e recursos, pelo menos é diferente e responde a curiosidade de muita gente, que gostaria de saber mais sobre como é viver na Moscou atual. E mais especificamente e melhor dizendo fora algumas passagens pelo famoso metrô da cidade, uma ou outra cena mais turística, é importante para curtir o filme: 1) entender de teatro e interpretação e se interessar pelo assunto; 2) saber quem é Stanislawki, o mestre russo que daria origem ao Actor´s Studio e o método de interpretação; 3) ter alguma ligação com a vida, o sentimento e o comportamento de atrizes.
A ideia é que são duas atrizes amigas, Marta e Manu (Maria Manoela, tem uma carreira mais estabelecida no teatro, séries de TV e filmes, como Mulher Invisível, Malu de Bicicleta, O Palhaço). Elas segundo o resumo estariam em crise com a profissão. A fim de se reinventar, decidem encarar o inverno russo para se aprofundar na famosa técnica Stanislavski de interpretação. Entre nevascas, brigas, paixões e muitos litros de vodka, suas personagens acabam por extrapolar os limites da cena e da amizade, fazendo com que sejam constantemente testadas pelo rigor do teatro e uma Rússia gelada e difícil. Ou seja, acabam discutindo e brigando, embora o mais interessante não sejam os possíveis romances (um deles que se forma apressadamente parece piada), mas a intervenção do professor soviético veterano que passa informações e orientação bem interessantes e uteis (ah, se todos os diretores de teatro fossem como ele). E também a presença de uma atriz portuguesa bela e carismática.
Ou seja, não é um filme para qualquer público, mas a classe artística, assim chamada, irá com certeza curtir o filme modesto mas curioso e simpático.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.