La Ragazza del Vagone Letto

Dentro do vasto universo de filmes exploitation, os italianos são um capítulo, ou melhor, um volume de grande destaque

07/01/2017 21:45 Por Marcelo Carrard
La Ragazza del Vagone Letto

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La Ragazza del Vagone Letto aka Terror Exoress

Itália, 1979. Direção: Ferdinando Baldi.

Dentro do vasto universo de filmes exploitation, os italianos são um capítulo, ou melhor, um volume de grande destaque. Recentemente esse grupo de filmes, principalmente os europeus, foram “promovidos” e começaram a ser denominados por críticos e pesquisadores como Eurocult Movies. A redescoberta dessa vasta filmografia através das novas tecnologias, sua difusão em festivais de cinema e os elogios rasgados de diretores de prestígio como: Tim Burton, Martin Scorsese Eli Roth e Quentin Tarantino transformaram os Eurocult Movies em objetos do desejo de muitos colecionadores e fãs de Cinema de Gênero. Através do empenho de distribuidoras independentes com curadoria de cinéfilos ardorosos surgiram selos como a Blue Underground, a No Shame, Synapse, Mondo Macabro, Nocturno/Raro Video e muitas outras que trouxeram de volta esses filmes em cópias restauradas, sem cortes e com farto material extra. Uma dessas distribuidoras, a alemã: Camera Obscura, editou o ainda polêmico e surpreendente: La Ragazza del Vagone Letto, 1979, de Ferdinando Baldi.

Em La Ragazza del Vagone Letto, testemunhamos uma viagem noturna de trem no vagão leito onde um grupo de pessoas incautas se depara com um trio de rapazes que se revela cruel e violento a cada minuto que passa. Na longa viagem noite adentro nesse vagão uma orgia de sexo e violência surge de maneira crua muitas vezes, com a luz direta iluminando os corpos despidos, como no menáge a trois no banheiro do vagão e  com uma iluminação mais elaborada em outros, dos muitos momentos em que o erotismo livre e safado dos anos 70 é escancarado na tela, sem os pudores politicamente corretos das produções atuais. No elenco temos: Zora Kerova, uma das maiores musas/divas dos Eurocult Movies, que participou de pérolas como: Cannibal Ferox, de Umberto Lenzi e New York Ripper de Lucio Fulci, fazendo o papel de uma esposa entediada que viaja com o marido e a filha de 16 anos. O centro da trama fica por conta da atriz italiana Silvia Dionísio, que em seu curriculum, entre outras coisas tem uma participação no Drácula de Andy Warhol. Em La Ragazza del Vagone Letto ela interpreta: Juliet, uma prostituta que passa a ser o alvo principal do psicótico líder do trio de rapazes que aterroriza o vagão, interpretado pelo ator austríaco: Werner Pochath, em ótima performance. Mesmo em meio a toda força da carga erótica do filme, o Diretor ainda consegue inserir um discreto subtexto político na trama, presente peincipalmente no embate do líder do trio de agressores com um policial, representante da lei e do estado e em outros pequenos momentos onde valores burguêses são colocados a prova e a sexualidade surge até como um ato de libertação e subversão.

É interessante como o roteiro trabalha o suspense e a tensão de maneira crescente enquanto o trem avança pelos trilhos e a ação só se resolve literalmente no último minuto. O filme remete a outros clássicos thrillers encenados em trems como: Night Train Murders aka Assassinatos do Expresso da Meia Noite, 1975, dirigido por Aldo Lado e Terror Train aka O Trem do Terror, 1980, dirigido por: Roger Spottiswoode. E a trilha sonora que ilustra de maneira brilhante a turbulenta viagem de La Ragazza del Vagone Letto foi composta por Marcello Giombini, o mesmo de clássicos Eurocilt como: Antropophagus, 1980, de Joe D’Amato.

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Sobre o Colunista:

Marcelo Carrard

Marcelo Carrard

Jornalista graduado pela PUC RS com Mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC SP. Pesquisador e Crítico de Cinema atualmente é Apresentador e Redator do Canal: Cinema Ferox do YouTube onde analisa Cinema de Gênero e Independente, Cultura Geek com espaço para abordagens da Diversidade e do Queer Cinema. Pesquisou o Gênero Feminino nos filmes de Dario Argento e Mario Bava no Inst de Artes da Unicamp e é especialista em Cinema Italiano de Gênero, além de colecionador e palestrante.

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