RESENHA CRTICA: BR716 (ou Barata Ribeiro 716)
Apresenta um elenco jovem e talentoso, num filme muito engraado. Para os que viveram a poca ento primoroso


BR716 (ou Barata Ribeiro 716)
Brasil, 16. Direção e roteiro de Domingos de Oliveira. Com Caio Blat, Sophie Charlotte, Gabriel Antunes, Maria Ribeiro, Matheus Souza, Sergio Guizé, Daniel Dantas, Livia de Bueno. Alamo Facó, Pedro Cardoso.
Sou grande admirador de Domingos de Oliveira, desde os tempos de Todas as Mulheres do Mundo e Edu, Coração de Ouro e fui amigo de Leila Diniz que ele transformou em estrela e a vida em mito. Seu livro autobiográfico recém lançado é certamente dos mais inteligentes e sensíveis e divertidos já escritos no Brasil. Embora trabalhando sempre com baixo orçamento, ele recriou o Rio de Janeiro que já não existe mais, principalmente de sua infância (também no filme anterior também premiado Infância, 14) e prossegue aqui, de forma mais brilhante e acessível, a narrar sua juventude bastante tresloucada, quando a família o sustentava num apartamento carioca que tinha justamente o endereço Barata Ribeiro 716. E para viver a si próprio foi feita a escolha acertada, com um ator ainda jovem e muito talentoso que é Caio Blat. Que procurou incorporar algumas características de Domingos, sem cair em caricatura. Enquanto conseguiam recriar uma época que já não mais existe, de muita bebida, alguma droga, muitas mulheres, e aonde a crise política de ameaça de golpe não conseguia ser assim tão importante ou mais do que os próprios amores.
O filme foi premiado no Festival de Gramado, como melhor filme, direção, trilha musical e atriz coadjuvante para Glauce Guima. Naturalmente os críticos jovens não sabendo o que fazer de um passado que desconhecem classificaram o filme de nostálgico. O que sem dúvida é verdade, mas isso enriquecido de tantas qualidades (entre elas, um humor e uma humanidade única na comédia brasileira). Domingos afirma não ser especialmente político nem naquela época agitada mas acaba fazendo assim um dos melhores retratos de época do cinema brasileiro. Embora tenha aparições de amigos veteranos (Pedro Cardoso, Paulo José), apresenta um elenco jovem e talentoso, num filme muito engraçado. Para os que viveram a época então é primoroso.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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