RSENHA CRTICA: A Grande Aposta (The Big Short)

Entre todos os concorrentes ao Oscar, por enquanto este o meu favorito

13/01/2016 11:32 Por Rubens Ewald Filho
RSENHA CRÍTICA: A Grande Aposta (The Big Short)

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A Grande Aposta (The Big Short)

EUA, 15. 130 min. Direção de Adam McKay. Com Christian Bale, Brad Pitt (também produtor), Steve Carell, Ryan Gosling, Tracy Letts, Marisa Tomei, Rafe Spall, Melissa Leo, Karen Gillan, Margot Robbie, Selena Gomez.

Ainda não assisti a todos os possíveis concorrentes do Oscar, mas entre todos por enquanto este é o meu favorito. Inteligente, bem humorado (é quase comédia), com excelente grupo de atores (perfeito para ganhar os prêmios de Ensemble, ou seja, melhor elenco) e uma implacável crítica a corrupção norte-americana (porque lá eles não ficam muito atrás da gente nesse teor) e o que é pior inspirado em fatos reais. Também é brilhante o roteiro de McKay e Charles Randolph inspirado em livro de não-ficção de Charles Lewis (o autor de O Homem que Mudou o Jogo e Um Sonho Possível, com Sandra Bullock). A surpresa é ver de novo Brad Pitt como produtor (o papel dele no filme é muito discreto, quase sem falas, sem dúvida modesto). Não esqueçam que já ganhou Oscar por 12 anos de Escravidão e até momento já produziu 38 projetos. Além disso já teve 4 indicações ao Oscar, um Emmy por Normal Heart e mais 2 indicações ao 4 People´s Choice Awards e assim por diante.

Mas a grande surpresa é a oportunidade que deram na direção para Adam McKay, que até agora era mal lembrado como o realizador e parceiro do humorista Will Ferrell (embora muito engraçado, ele ainda não foi descoberto pelo público brasileiro). Entre os bons trabalhos, todos comédias, estão Tudo por um Furo, Os Outros Caras, O Âncora etc. (além do Saturday Night Live, 18 trabalhos como diretor, 53 como produtor). Mas nada fazia imaginar o acerto em conduzir este filme que satiriza com criatividade e élan um fato real. A Grande Aposta foi indicado a 4 Globos de Ouro (comédia, roteiro, Steve Carrell e Bale, não ganhou nenhum), ator e elenco pelo SAG.

Uma das grandes sacadas do filme é justamente quebrar a chamada quarta barreira e falar ocasionalmente para a câmera, não como narrador, mas como se fosse um detalhe que valia acentuar, quase uma confidência para o espectador. E outro ponto alto é fazer com que gente famosa comente e fale aqueles dados impossíveis do jargão econômico (prestem atenção as aparições impagáveis e feitas a sério da linda Margot Robbie e a cantora teen Selena Gomez!). Tudo isso lhe dará uma visão diferente e sempre oportuna de como operam os bancos que hoje vivem de manipular e jogar com dinheiro. Foi assim que em 2005 eles criaram a Bolha que levou a uma depressão econômica e a grande crise dos donos de imóveis que tem que pagar a hipoteca. E que naturalmente criou a crise, passou a crise e tudo continuou com dantes, lá como aqui o big business dos bancos é coisa intocável e toda poderosa.

Não há dúvida que o jargão de termos usados em bancos e investidores é quase impossível de se decifrar pelo leigo. O filme, porém consegue manobrar isso com muita habilidade, ao centrar o foco em alguns personagens curiosos e histriônicos como um gênio no assunto feito por Carell (uma figura excêntrica que parece nunca errar em qualquer dado da Bolsa de Valores). Ou o mais esquisito ainda Christian Bale (que fica descalço no escritório). Não tenho capacidade de traduzir para vocês os meandros dos segredos de Wall Street que o filme tão habilmente apresenta. Talvez seja melhor assim, com um elenco excelente a sátira acaba sendo uma lição de vida, de economia, de corrupção. Ou seja, elementos fundamentais da nossa vida cotidiana que continuamos a menosprezar e perdoar.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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