RESENHA CRTICA: Homem Duplicado

Rubens Ewald Filho: O filme um modesto drama difcil de classificar

18/06/2014 15:03 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Homem Duplicado

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Homem Duplicado (Enemy)

Canadá/EUA, 13. 90 min. Direção de Denis Villeneuve. Baseado em livro de José Saramago. Com Jake Gyllenhaal, Melanie Laurent, Sarah Gadon, Isabella Rossellini, Joshua Peace, Tim Post.

 

Imediatamente depois de ter feito o policial Os Suspeitos (13) com o mesmo ator Gyllenhaal, o diretor canadense que havia ficado famoso com o sucesso de Incêndios (10), realizou este modesto drama difícil de classificar, a não ser como um thriller na linha de David Lynch, só que baseado (não li o livro, mas dizem ser vagamente baseado apenas) em livro do português José Saramago. Seu tem não é novo, na verdade é até banal na literatura, passando da mera aventura (tipo O Prisioneiro de Zenda e Ao Pé do Cadafalso) para outros mais complexos (lembro de Alain Dellon sendo perseguido por seu duplo em Historias Maravilhosas, de Louis Malle baseado em Metzengerstein de Edgar Allan Poe e outros semelhantes, mas sempre esbarrando num mesmo obstáculo, são incapazes de dar uma explicação convincente ao final). Tem que sair pela tabela, como sucede aliás aqui: 1) enraivecendo os que não gostam deste tipo de solução; 2) provocando delírios de alegria naqueles que gostam de discutir um final que o diretor não explica ou justifica. Na verdade, ele fez pior. Obrigou todos os atores a assinarem um termo de confidencialidade jurando que não sabem do que se trata a figura da aranha.

De qualquer forma, Jake com sua habitual inexpressividade faz papel duplo. Ele é um professor universitário de História (nas vezes em que aparece discute ditaduras do passado) que não gosta de cinema (isso já é o suficiente para me deixar contra o personagem) e que vive mediocremente com sua mulher (a loira Melanie Laurent, de Bastardos Inglórios). Até ai tudo bem, porque o mesmo sucede com a maior parte de nós. Até o dia em que um colega lhe indica um filme que ele pega num locadora e tem a surpresa de ver como figurante um sujeito que é a cara dele escrita. Ou seja, um Doppelganger (a palavra alemã para o fenômeno e também titulo de um filme sobre o tema com Drew Barrymore, chamado aqui Enigma Mortal, 93).

Vai atrás do coitado que tem uma mulher grávida, uma vida igualmente medíocre, talvez ainda pior, mas é arisco e agressivo. Eventualmente como bons machos trocam de fêmeas para experimentar. Falta explicar que no começo do filme por alguma razão há uma sequência sombria onde um monte de homens, com cara de policiais vão para uma sala ver prostitutas se exibirem fazendo sexo (masturbando-se ) e uma delas expõe uma aranha que fica prestes a matar (pisando em cima com salto alto e a aranha sai de um salva de prata). Uma aranha gigante aparece ao final sem maiores explicações (aranha por vezes é ligado ao sexo da mulher), embora alguns críticos relembrem que o filme começam com uma frase (o caos é a ordem mas que não foi decifrado!). Uma curiosidade: noutro momento o professor também sonha com uma mulher nua andando num corredor de cabeça para baixo! Alguns tentam explicar como o medo da rotina, que vai destruindo sua vida. Mas o final é tão aberto que fica difícil decifrá-lo. Pode se perguntar se Adam e Anthony são a mesma pessoa? Nunca são vistos juntos diante de uma terceira pessoa. E suas esposas se parecem muito. Poderia ser um sujeito cansado de sua vida que inventa uma outra. Metade do filme poderia ser um sonho com um homem vivendo um sonho e criando uma falsa realidade que o ajuda a suportar sua vida deprimente e repetitiva. Outra análise diz que as aranhas representam as mulheres e que os dois sujeitos tem uma fraqueza por mulheres, o que os tornaria menos dominantes.

E o filme ganhou 5 prêmios Genie (para provar que crítico adora tudo que não entende). Foram melhores foto, direção, montagem, trilha e atriz (Gadon). Ganhou também o Festival do cinema fantástico de Stiges, na Espanha.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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