RESENHA: Entre Vales
RESENHA: Entre Vales


Entre Vales
Brasil, 12. 80 min. Direção de Philippe Barcinski. Com Ângelo Antonio, Daniel Hendler. Fotografia de Walter Carvalho, Ines Peixoto, Melissa Vettore.
O diretor fez alguns curta-metragens premiados e admirados. Não tem tido a mesma sorte ao passar para o longa, mesmo trabalhando para a produtora O2 de Fernando Meirelles (realizou alguns dos episódios da serie de TV, A Cidade dos Homens) com Não por Acaso (97). Naquela ocasião eu escrevia: “Phillippe tem uma sensibilidade especial. Parece que ele tem medo de confrontos, de explicações (o filme tem poucos diálogos, ao contrário de personagens de telenovelas aqui todos são misteriosos e calados), de grandes cenas (nem mesmo numa sequência de morte nos deixa ver ou explica direito como sucedeu)”.
Engraçado que posso dizer a mesma coisa deste segundo longa, igualmente sucinto e com uma trama ainda mais discutível. Certamente a melhor coisa é a presença de Ângelo Antonio (Filhos de Francisco) que faz o protagonista com intensidade, a única pessoa do elenco que parece sincera e empenhada. Mas é o tipo da história que condena o filme Entre Vales a ter um público reduzido. Faz Vicente, um economista pai de um menino Caio, que vive com Marina, uma dentista. Ocorre um problema grave e toda sua vida se estraga (só vamos saber do que se trata ao final). Ele que já havia sido visto no lixão desde o começo do filme, só bem depois é que vamos ter finalmente a explicação para sua tragédia. O roteiro é incapaz de dar aos coadjuvantes (é co-produção com o Uruguai mas isso não adianta muito já que um ator ótimo com Daniel Hendler não tem absolutamente o que fazer). A questão é você embarcar ou não no conflito e no drama do Vicente. Mas há algo na visão do diretor que afasta a emoção e o resultado mais uma vez é frio e distanciado. Ou quem sabe pode ser apenas questão de gosto.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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