Soul
A Disney+ mal chegou ao pais e ja faz em sua plataforma um lancamento inedito de peso
A Disney+ mal chegou ao país e já faz em sua plataforma um lançamento inédito de peso, direto dos estúdios Pixar. “Soul” trata de morte e do além-vida, mas seu tom é leve, equilibrado com um humor cativante, sem jamais soar ofensivo a qualquer credo religioso. O oscarizado Peter Docter, o mesmo responsável pelos premiados “Up – Grandes Aventuras” (2010) e “Divertida Mente” (2016), é cristão devoto e isso explica seu interesse em filmar esta história que coroa os 25 anos que se passaram desde “Toy Story”, seu primeiro longa-metragem, realizado em parceria com a Walt Disney Pictures, que viria a adquirir a Pixar em 2006.
A história gira em torno de Joe Gardner (voz de Jamie Foxx) um músico frustrado por ter que sobreviver dando aulas enquanto alimenta o sonho de fazer parte de uma big band, ainda que isso contrarie o desejo de sua mãe. No dia em que a grande chance chega, Joe sofre um acidente e vai para o além vida, fazendo tudo para voltar ao seu corpo, inclusive tornar-se mentor para uma alma sem propósito chamada de 22 (Tina Fey), mergulhada em cinismo e que já rejeitou figuras como Carl Jung e Abraham Lincoln. A vinda ao plano terrestre mudará ambos, o sonhador John e a descrente 22, enquanto se aproxima o dia da grande apresentação da famosa jazzista Dorothea Williams (Angela Basset). Inicialmente a história, que levou cinco anos para ser concluída, seria centrada apenas em 22 e se passaria inteiramente no além. A criação de Joe Gardner foi pensada como um catalisador que mostrasse a 22 a importância da vida terrena, fazendo de Joe o primeiro afro-americano a protagonizar uma produção da Pixar.
Os fans das produções Pixar vão se deliciar com as referências a outras produções do estúdio como “Up: Altas Aventuras” quando 22 personifica um rosto que lembra Carl Friedrich; e em determinado momento Joe, transformado em gato, passa por um rato que lembra o personagem de Ratatouille. Impressiona na animação o retrato do Jazz e de toda a diversidade cultural e musical afrodescendente, respeitoso na medida certa, e ainda abrindo espaço para uma visão crítica da realidade quando 22 no corpo de Joe, vestido de roupão de hospital, tenta pegar um taxi e, ouvimos Joe dizer “Isso seria difícil mesmo que não estivesse usando um roupão de hospital”. Em tempos de “Black lives matter”, é agradável ver a Pixar equilibrar todas essas nuances para produzir uma animação divertida, ainda que não tão original se lembramos clássicos como “O Céu Pode Esperar” (1978) e “Um Visto Para o Céu” (1991), representações românticas e divertidas do além-vida.
A dublagem brasileira marca presença com as vozes de Jorge Lucas (Vin Diesel, Mark Ruffalo) para Joe Gardner, Carol Valença (The Walking Dead e Game of Thrones) no papel de 22, e o primeiro trabalho da cantora Luciana Mello como Dorothea. Boa oportunidade para o clima de fim de ano e para apreciar um dos lançamentos do Disney+, mantendo a segurança em tempos de pandemia e divertindo a família.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com