RESENHA: Need For Speed - O Filme
Na matéria de Rubens Ewald filho saiba que o filme tem todos os ingredientes para o fracasso.
Need for Speed - O Filme (Need for Speed), 2014. Direção de Scott Waugh. 130 min. Com Aaron Paul, Dominic Cooper, Scott Mescudi, Imogen Poots, Rami Malek,Ramon Rodrigues, Dakota Johnson e Michael Keaton. Dreamworks Disney.
Sabem que eu reclamo dos títulos que ficam em inglês, sem tradução, mas aqui ao menos há uma razão: Need For Speed (Necessidade de Velocidade) é o nome de um vídeo-game parece que bem antigo e que você acha muito fácil na Internet. Não vejo muito motivo para o filme estar passando em 3D já que nenhum dos efeitos é especialmente acentuado pelo uso de outra dimensão! O filme também lança como astro Aaron Paul que virou astro merecidamente depois do sucesso mundial e ainda atual da série Breaking Bad (pelo qual ganhou até dois Emmys!) O curioso é perceber que ele não é um ator pró-ativo, mas um reagente se pode-se chamar assim. Não gera a ação, mas reflete ela, reage a ela e por isso não sei se é o ator ideal para este personagem sem qualquer profundidade.
Na verdade fazia tempo que não via um roteiro tão esquemático e irregular (passando de chanchada dos amigos fazendo besteira com helicóptero, com figuras tão fora de propósito, como a irmã que leva mais de dois anos a reagir a morte do rapaz num acidente de carro provocado pelo marido!). Tudo é absolutamente sem lógica e positivamente ridículo. Mas isso não quer dizer que não é possível perdoar (vamos ser sinceros: se você entrou no cinema para ver um filme deste gênero não será porque seu conteúdo shakespereano!). E chega ate a ser curioso ver o Michael Keaton, fazendo o dono da corrida retomando o personagem que o tornou famoso (é uma variante no tom de voz e maneirismos de Beetle Juice, ou “Betelgeuse” de Tim Burton ).
E quando a história esta ficando demasiadamente boba o roteiro (com a ajuda do diretor que é especialista em stunts, cenas de perigo) inventa umas surpresas que ajudam bastante (como aquele incidente em San Francisco diante do hotel que é surpreendente e a fuga pelo canyon que me parece ser homenagem a Thelma e Louise).
Aaron faz um piloto de corridas que tem uma oficina e um grupo de amigos excêntricos que recebe uma oferta de um milionário inglês, Dino Brewster (Dominic Cooper, já velho conhecido de Mamma Mia e que se deu bem como o Dublê do Diabo) para envenenar ou customizar um super carro! É o inicio de uma rivalidade cheia de altos e baixos e principalmente traições, já que o clímax é uma aposta onde entra em jogo a morte de uma pessoa (não vou dar detalhes, mas a situação é absurda assim como a condenação a cadeia e por tão pouco tempo. Ou seja, não passa mesmo de um recurso dramático do enredo para ser esquecido).
A proposta do filme é dar vida ao jogo sem ficar com cara de vídeo game, o que não sei se foi a decisão correta. Ainda bem que Paul tem outros projetos melhores em andamento (Pais e Filhos, de Gabriele Muccino, Exodus, de Ridley Scott).
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.