Crítica sobre o filme "Anjos da Noite - O Despertar":

Rubens Ewald Filho
Anjos da Noite - O Despertar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/03/2012

Já tinha quase esquecido da série quando surge este quarto capitulo trazendo de volta a estrela Kate Beckinsale (que por sinal é casada com o diretor deles, aqui apenas produtor e co roteirista Len Wiseman), ainda incrivelmente em forma para a idade (ela que começou no cinema muito jovem, na Inglaterra natal, já está com 39 anos e retorna como Selene para salvar a série já que anterior era muito esquisita e decepcionante (sem ela). A direção aqui é de uma dupla: Mans Marlind e Bjorn Stein (cortei vários tremas que tinha em seus nomes!). Eles são suecos e fizeram antes Identidade Paranormal (09), de que não tenho registro. Ainda um tal de Storm e várias minisséries). Seu trabalho é impessoal e podia ser assinado por qualquer outro.

Assisti ao filme em IMAX 3D, ou seja, me envolvi completamente na tela grande e som espetacular. Fiquei super impressionado com a figura de Selene, que nunca me apareceu tão fetichista (o tempo todo ela faz poses sugestivas e usa roupas de couro que parecem saídas de sex shop, inclusive uma longa capa preta). Acho interessante rever o que eu escrevi sobre os filmes anteriores.

1- Os Anjos da Noite (Underworld), de Len Wiseman, de 2003.

Para aqueles que como eu, gostaram de Blade II, recomendo esta aventura altamente estilizada, muito bem dirigida e até original, Os Anjos da Noite (Underworld), que fez muito sucesso nos Estados Unidos. O diretor Len Wiseman (que era mero diretor de arte em Independence Day e Stargate, virou roteirista e realizador com este filme e ainda por cima se casou com a mocinha da fita, a inglesa Kate Beckinsale, de Pearl Harbor, e que curiosamente fez caçadora de vampiros emVan Helsing).

Falei em quadrinhos, mas quem escreveu a história original foi um certo stunt man e ator (negro) Kevin Grevioux (que no filme faz o papel de Raze). Na verdade, é bem um filme feito por um diretor de arte, todo cheio de imagens, de visual, de desenho gráfico, de concepção e mais fraco em personagens. Mas eu fiquei impressionado com o mundo subterrâneo que ele conseguiu construir e também pela maneira que conduz a narrativa. Mexendo a câmera, enquadrando sempre de uma maneira perturbadora (mais que sustos o filme te deixa sempre atento).

A história já acho bem curiosa. É sobre uma estirpe de vampiros em luta contra seus radicais inimigos, os lobisomens (o filme é todo noturno, feito em estúdio, mas felizmente a fotografia é clara, dá para se ver tudo ao contrário de alguns filmes atuais, como os de Clint Eastwood). É uma premissa difícil de se levar a sério. Mas o filme consegue dar um ar mítico a tudo isso. A heroína é Selene (Kate, que está muito bem), que por uma série de circunstâncias se apaixona por um descendente de lobisomens (o ator de teve Scott Speedman, de Felicity), no maior estilo Romeu e Julieta. Mas ela é guardiã de segredos e está em conflito com um tal de Kraven (Shane Brolly),que obviamente é um traidor e deseja o lugar do chefe que esta adormecido durante este século (quem faz o papel é o inglês Bill Nighy, de Love Actually/Simplesmente Amor e Still Crazy/Ainda Muito Loucos). Tudo isso numa sucessão de lutas, conflitos, brigas, todas muito bem encenadas (os heróis usam capas longas de couro, o que faz alguns pensarem em Matrix). Tenho certeza que não é um filme para todos os públicos.

2- Anjos da Noite - Underworld: Evolução (Underworld: Evolution) EUA, 2006. Direção de Len Wiseman. Com Kate Beckinsale, Scott Speedman, Tony Curran, Derek Jacobi, Shane Brolly, Bill Nighy, Steve Mackintosh, Brian Steele, Michael Sheen.

Gostei muito do primeiro filme, que na verdade não chegou a ser descoberto no Brasil. Mas as qualidades se repetem. O belo visual (a direção de arte, a concepção dos figurinos, inclusive a roupa de couro flexível da heroína), a narrativa rápida e tensa, perfeita para filme de ação, o clima shakespereano nos diálogos e na trama (onde por exemplo pai recusa-se sob pena de morrer de matar o filho vilão). E também certas características, a aparência de videogame, com excesso de violência, gente explodindo, sangue jorrando (ou seja, “gore”). Não custa lembrar que o próprio diretor Wiseman, o roteirista Danny McBride junto com Kevin Grevioux são os autores dos personagens e das situações (que o filme considera ainda não terminados, já fala de uma outra continuação), que é um ator negro que fez o papel de Razor no primeiro filme.

O problema de uma continuação como esta é que fica difícil de acompanhar a história para quem não viu o original (o filme até se esforça tentando forjar alguns flashbacks para localizar melhor a situação, mas nem sempre isso ajuda, o resultado acaba sendo sem duvida confuso). De qualquer forma, há uma narrativa no começo onde se conta que há uma guerra entre vampiros e lobisomens. A matadora Selena agora está junto com Michael Corvin (o ator de teve Speedman), que é o primeiro caso conhecido de mestiço, entre vampiros e humanos, ou seja, um híbrido que pode ter poderes ainda desconhecidos. Juntos eles vão de Londres (do primeiro filme) até um país que parece ser dos Bálcãs, onde vão investigar a origem dessa guerra entre as criaturas. Esbarram na figura do pai deles, que originalmente eram gêmeos e agora inimigos mortais.

Melhor do que Van Helsing, como a mesma Kate, o filme é um suceder de lutas, mortes (às vezes com cenas de ressurreição), tiroteios, lugares escuros (porque neles sempre funciona melhor a onipresente tecnologia digital). Mas sempre de maneira absorvente. Deve ser por causa do visual, do desenho de produção e também por causa de Kate, uma mulher atraente que curto bastante no filme e série. E que deve esquentar logo porque o casal tem uma cena de amor relativamente forte, o que faz prever a geração de outro híbrido ainda mais potente (isso só acontece aqui no quarto capítulo).

3- Anjos da Noite - A Rebelião (Underworld: Rise of the Lycons) EUA, Nova Zelandia, 09. Direção de Patrick Tatopoulos. 92 min. Com Michael Sheen, Bill Nighy, Rhona Mitra, Steven Mackintosh, Kevin Grevioux, David Ashton, Jared Turner. Sony.

Quem viu o ator galês Michael Sheen em A Rainha ou Frost/Nixon vai ter um choque em reconhecê-lo todo caracterizado de herói neste filme, que é o terceiro de uma série até então feita por outro diretor (Len Wiseman e sua mulher, a atriz Kate Beckinsale, que por sinal aparece apenas na cena final deste filme. Outro detalhe importante: ela foi casada antes com Sheen).

Este terceiro filme, que tem menor orçamento e foi feito na Nova Zelândia com atores de segundo time, é na verdade um prólogo que de certa maneira tenta explicar como nasceu essa briga ou guerra se preferirem entre duas raças diferentes de povos da noite, os vampiros e os lobisomens, ou lycans. Há uma diferença essencial: os dois anteriores tinham um desenho de produção, um visual super elaborado, interessante, e uma direção segura e talentosa, qualidades ausentes aqui.

É difícil se ver um filme tão feio artisticamente quanto este, ao menos desde os tempos em que Steve Reeves era Hércules nos filmes de sandália da Itália. O elenco, mesmo quando conhecido como Bill Nighy, esta patético, perdido numa aventura boba, feita em estúdio com mínimo de condições (será que isso explica porque este é outro dos filmes escuros que parecem estar na moda? ). De qualquer forma, é confuso e no fundo uma grande besteira tentando mostrar como o líder dos vampiros Viktor tentou criar uma nova raça de lobisomens assassinos para serem usados como escravos e o melhor exemplo é Lucian, que trata como filho sem perceber que ele está tendo um romance a la Romeu e Julieta, justamente com a filha de Viktor Sonja. Enquanto os lobisomens atacam ou são feitos prisioneiros, começa a rebelião. Mas tudo é tão mal feito, tão idiota, que o filme acabou sendo um grande fracasso nos EUA e não duvidem que caso a série continue, eles reneguem esta como não existente. Porque é melhor mesmo fingir que ela não existe, não foi feita e não precisa ser vista.

Chegamos então ao quarto capítulo, que se esforça para salvar a franquia (que curiosamente ainda é cult, não é super sucesso, embora este filme esteja tendo bilheteria razoável, cerca de US$ 62 milhões em duas semanas. Mas no torna sucesso). Há um pulo importante na história, mas se retoma o mesmo clima e visual. Assim como o gore.

A luta entre as duas raças se complicou porque os humanos resolveram entrar na confusão e começaram a perseguir e matá-los (antes eles ignoravam a existências dos dois). Isso leva praticamente ao extermínio de ambos. O conhecido Stephen Rea (mas que parece adoentado e fora de forma) faz o cientista louco, que está experimentando com os poderes da raça dos vampiros, de forma que ele tem Selena prisioneira. Mas ela consegue escapar e aos poucos vamos descobrindo que ela gerou um híbrido, sua filha que tem grandes poderes e que sintomaticamente se chama Eve - India Eisley, de A Vida Secreta de uma Adolescente Americana (sobre seu parceiro que parece ter morrido teremos obviamente novidades posteriores assim como algumas revelações sobre quem está conduzindo a perseguição).

Quem faz o chefe dos vampiros sobreviventes é o veterano Charles Dance, que se acordava para desapontamento de seu filho jovem e com cara de modelo David (Theo James, britânico que esteve em Você Vai Conhecer o Homem de seus Sonhos) que irá se juntar a Selena. Ela também terá a ajuda de um policial Sebastain, que é um negro de olhos azuis (Michael Ealy). Mas basicamente é um filme de ação, muita correria, muita perseguição, gente subindo paredes, saltando de elevadores, tudo muito ágil e fácil de seguir. Não sei se a safra de lançamentos era fraca, mas o fato é que eu embarquei no filme. Será que sou o único fã da série por aqui?