Crítica sobre o filme "Guerra é Guerra!":

Rubens Ewald Filho
Guerra é Guerra! Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/03/2012

Eu ainda cheguei a ver nos Estados Unidos os cartazes e o trailer original anunciando este filme com seu título original: Spy Vs Spy (Espião contra Espião), o que logicamente me fez voltar àquela série de quadrinhos que eu lia pela revista Mad (de que gostava muito), que tinha justamente este título autoexplicativo.

Pelo jeito devem ter feito uma tardia pesquisa de mercado e perceberam que ninguém mais se lembrava dela e o jeito era buscar outro nome mais atual e comercial.

Mas acho melhor o título nacional do que o americano (Isto Significa Guerra). O filme, apesar de críticas fracas, não foi um fracasso tão grande devendo chegar aos US$ 50 milhões.

A coisa que eu menos gosto do filme é a presença de uma figura conhecida nos Estados Unidos por causa de seus livros e programa de entrevistas chamada Chelsea Handler, famosa por narrar seus encontros sexuais detalhadamente e que tenta repetir a mesma coisa aqui, de tal forma que o filme chegou a ter a censura R por causa de suas manifestações que parecem forçadas e fora de hora (tiveram que cortar certas coisas para ficar PG-13).

O problema não é tanto o que ela fala, mas como fala, já que não tem o menor timing de comédia, não é naturalmente engraçada. E parece que improvisou grande parte do texto. Resulta grosseira e atrapalha o resto do filme, que não tem nada a ver, é uma comédia de ação que se pretende romântica.

Reese não é a figura ideal para fazer uma figura disputada por dois galãs. Seria um personagem para alguém mais sexy e exuberante, mas ainda assim o resultado é menos catastrófico do que no filme anterior (Como você Sabe, nem tanto Água Para Elefantes, que ao menos funcionou em Home Video). É difícil acreditar que ela provocasse tal paixão nos dois amigos e colegas que trabalham como espião para o governo americano.

Essa seria a piada, quando os dois tendo acesso a mais alta tecnologia começam a usá-la para derrubar o rival (difícil é acreditar que espião honesto ganhe tão bem para poder viver tão suntuosamente). De qualquer forma, Reese funciona melhor em papéis mais fortes, de cínica, ou determinada, nunca de passiva.

Parece que o filme iria ser feito com James Franco e Bradley Cooper, mas ambos declinaram por razões diversas e acabaram escolhendo Chris Pine (Star Trek) que é dos piores e mais sem graças jovens atores do momento e o britânico Tom Hardy (que é dos meus preferidos mas sempre em papel característico, de composição como será como o vilão do próximo Batman. De cara lavada, como par romântico ele não funciona).

Como não há qualquer química entre o trio central e o diretor McG (as 2 Panteras) gosta de barulho e ação, não é dado a sutilezas, o filme é uma sucessão de cenas exaltadas tentando um rival derrubar o outro (mas tudo de brincadeirinha claro, porque ainda tem que trabalhar junto).

Há coadjuvantes legais (como a grande Angela Bassett, o alemão Til, a veterana Rosemary Harris, a já adulta Abigail Spencer) e para ser muito justo, há filmes piores. Como se esta fosse uma tentativa de fazer uma comédia romântica para homens (que gostam justamente de mais ação e menos romance).

Pena que lembre tanto a linha Sr. e Sra Smith, de Brad e Angelina, que por sinal foi escrito pelo mesmo roteirista e o final seja tão previsível seguindo (embora tenham rodado uma conclusão alternativa que foi logicamente descartada).