Crítica sobre o filme "Grande Milagre, O":

Rubens Ewald Filho
Grande Milagre, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/03/2012

Não fez sucesso aqui nem lá fora (custou US$ 30 milhões e não rendeu nem US$ 18!) e parece que já está saindo de cartaz. Uma pena, porque ninguém teve a chance de descobrir este simpático filme ecológico que lembra um pouco Winter, o Golfinho (este aqui é melhor, mas menos infantil).

Dirigido com eficiência por Ken Kwapis (que costuma fazer comédias como Ele |Não Está Tão a fim de Você, Licença para Casar) que procurou lhe dar um tom de humor, quase sátira. É inspirado em fatos reais e utiliza personagens autênticos, menos o governador do Alaska que é fictício e o Presidente Reagan aparece apenas de lado ou de costas.

Sinceramente não me lembro de ter acompanhado este caso, mas deve ter causado grande rebuliço porque deve ter sido o primeiro de baleias presas debaixo do gelo ameaçadas de morte. Em 1988, bem no norte congelado do Alaska, um jornalista (o simpático Krasinki de The Office), faz uma reportagem sobre três baleias (pais e filhos) que ficaram presas sem poderem retornar ao Oceano (que está bloqueado pelo gelo) e só podem respirar por um buraco (de tempos em tempos, elas tem que subir a superfície para respirar e ainda por cima o mais novo está ferido).

Logo vem sua ex-namorada que é uma ativista do Green Peace (Drew Barrymore) e por um golpe de sorte a matéria vai parar no noticiário nacional (o filme é todo pontilhado de matérias autenticas da época com os três ancoras mais famosos em ação e curiosamente no finalzinho do filme se vê até mesmo a presença como jornalista de teve da futura governadora do estado e candidata a vice-presidente Sarah Palin.

Aliás, o subtítulo do livro que lhe deu origem é sintomático. É o seguinte: “como a Mídia criou o maior Não evento do Mundo”. É porque no fundo era uma história pequena, de interesse humano (e até hoje acompanhamos sua repercussão com outros casos semelhantes ainda que de menor escala). Este foi o primeiro de um movimento “Salve as Baleias” que ainda existe mesmo porque a situação não melhorou nada, ao contrario, só piorou.

Por isso que tudo tem um tom crítico, (quase) todas as pessoas que se envolveram e fizeram esforços para salvar os cetáceos, todos tinham por trás alguma jogada de interesse fosse político (como Reagan que ate então havia sido péssimo em questões ecológicas) sejam os repórteres que disputavam a chance de ir passar frio absurdo cobrindo a matéria (na certeza de que isso iria servir de passaporte para o sucesso e melhores colocações).

De certa maneira o filme lembra mesmo o clássico A Montanha dos Sete Abutres de Billy Wilder, que era ainda mais cínico em denunciar a exploração que a imprensa pode fazer de certos eventos. Só que aqui o filme é positivo, feito com clima de suspense e identificação com a dupla central (Drew está envelhecendo, mas continua a ser uma fofa ideal para este tipo de personagem. O discurso que ela ensaia para a TV é muito claro e resume o filme).

Ah, parece que as baleias foram feitas por animatronics (tipo os Muppets) e o resto digitalmente e estão perfeitamente convincentes. Ou seja, uma pena que não tenha tido nem chance de ser descoberto.

Mas é um filme legal e com o coração no lugar certo. Descubra-o em algum lugar mais tarde.