Crítica sobre o filme "Último Guarda-Costas, O":

Rubens Ewald Filho
Último Guarda-Costas, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 28/03/2012

Por alguma razão, foi recebido negativamente e ainda não foi lançado no Brasil este filme noir britânico que marcou a estreia na direção do premiado roteirista de Os Infiltrados, William Monahan, aqui adaptando um livro de Ken Bruen.

Há outra adaptação dele de 2011, The Blitz, com Jason Stathan. Não apenas o resultado é competente como é fácil entender porque não fez sucesso: os personagens são difíceis de gostar, a trama é tortuosa e confusa e o final não tem nada de comercial. Tudo isso justamente o faz ser classificado como noir.

O que mais me impressiona é como o irlandês Colin Farrell conseguiu se tornar um ator competente e, até mesmo, humano, ao menos quando está na Europa. Seu retorno a Hollywood o fez escorregar duas vezes, caricato em Quero Matar Meu Chefe e opaco em A Hora do Espanto.

Mas estava excelente em Bruges - Na Mira do Chefe e volta a convencer aqui, com seu cabelo já grisalho e egocentrismo sob controle. Mas é um filme niilista e trágico, como se podia esperar de seu autor, que escreveu também Rede de Mentiras, o fraco Cruzada e O Fim da Escuridão.

Colin faz Mitchel, que sai da prisão onde pretende nunca mais voltar para reencontrar os antigos colegas e esbarra num dos gângsteres mais violentos do momento, papel típico para Ray Winstone, que é sugerido como homossexual, tem problemas com sua irmã desonesta e fora de controle (Anna Frield).

Vai trabalhar como segurança de uma estrela de cinema (Keira) que vive reclusa com a ajuda de um canastrão (ele se apresenta assim) drogado (Thewlis) e tem problemas com um marido maluco e colecionador de carros.

Um amigo (Ben Chaplin) oferece a Mitchel um trabalho como coletor de dívidas para um usurário, mas ele acaba se envolvendo com a atriz. Eu gosto de Keira, embora leia com espanto como os americanos reclamam da ausência de busto grande e sua boca travada, que vive cercada por ofensivos papparazis.

As diversas tramas se cruzam num retrato da vida noturna londrina que faz lembrar que o cinema inglês sempre teve uma tradição nesse tipo de história desde os anos 1950 até chegar a clássicos como Diário de um Gângster e Vilão (nos anos 1970).

Monahan demonstra que aprendeu bastante com Scorsese e tem competência para continuar na profissão. Muitos críticos reclamam que ele aproveitou todos os clichês do gênero. Acho, porém, que ele os revitalizou e os tornou sensível. Mas levem sempre em conta que eu curto os filmes noir.