Agora que a China virou potência mundial parece lógico que o diretor, de origem chinesa, mais conhecido na América vá rodar um filme por lá. E ainda se de ao luxo de contar com uma participação especial, não creditada, do astro famoso Hugh Jackman (que faz um cantor de night club meio canastrão, que tem um relacionamento com uma das heroínas).
Wayne Wang (1949) - Nasceu em Hong Kong, formou-se nos EUA, na Califórnia’s College of Arts and Crafts, em cinema e TV.
Voltou para sua terra natal para aplicar o que tinha aprendido. Mas frustrado com as condições de produção, mudou-se para São Francisco (CA). Em 1982, dirigiu, produziu, escreveu e fez a montagem de seu primeiro filme Chan is Missing, com apenas US$ 22 mil.
Seu segundo filme Dim Sum: A Little Bit Of Heart, conquistou a comunidade chinesa nos EUA pela delicadeza com que abordou o relacionamento de uma mulher chinesa e sua filha norte-americana.
A projeção internacional aconteceu com O Clube da Felicidade e Da Sorte, baseado em best-seller Amy Tan, produzido por Oliver Stone. Sua parceria com o escritor Paul Auster rendeu Cortina de Fumaça e Sem Fôlego.
O primeiro recebeu três prêmios no Festival de Berlim e consolidou Wang como um diretor de renome internacional. Em O Último Entardecer, Wang realizou uma experiência única ao filmar a transição do poder britânico sobre Hong Kong para o governo da República da China.
É casado com a atriz Cora Miao (1958), protagonista de seus primeiros filmes. Depois de várias concessões comerciais, retornou as origens com dois filmes pequenos, feitos em digital, sobre jovens e velhos orientais nos EUA. Com Mil Anos de Orações ganhou quatro prêmios no Festival de San Sebastian, inclusive ator e melhor filme.
Wang é um bom cineasta, discreto e eficiente, e demonstra mais uma vez aqui ao trabalhar com uma adaptação de livro de Lisa See, que teve três roteiristas: Angela Workman (fez antes apenas The War Bridge, 01, com Anna Friel), Ron Bass (Neve sobre Cedros, O Casamento do Meu Melhor Amigo) e Michael Ray (que trabalhou com o diretor nos dois filmes anteriores).
É basicamente um filme muito feminino, muito delicado. A história de um hábito que desconhecíamos. Segundo eles, na antiga sociedade do século XIX, as mulheres com frequência têm uma melhor amiga desde a infância, escolhida com muito cuidado (por meio de horóscopos e não necessariamente da mesma classe social).
Essa amiga seria sua confidente para o resto da vida, sendo mais próxima mesmo do que uma irmã. Assim se conta as duas histórias parecidas desses dois pares de confidentes, no tempo passado e na atualidade.
É o que eles chamam de laotong (seria em inglês, Old Sames) amigas para toda eternidade, porque mesmo isoladas por suas famílias podem se comunicar com linguagens secretas (nu shu) que é feita utilizando as dobras de um velho leque de seda (daí o título do filme).
A história antiga começa quando as duas meninas tem sete anos e vai passando pelos altos e baixos da vida, mudanças de status social e as pressões dos maridos e das famílias. Na Shangai atual, Nina e Sophia tentam manter a amizade da infância, mas tem vida romântica complicada e carreira profissional cheia de exigências. Precisam se inspirar na história do passado para manterem os laços.
Não sei se homem comum terá paciência para este tipo de meditação e temática. Mas me parece que o filme poderá encantar as mulheres.