Crítica sobre o filme "Weekend":

Rubens Ewald Filho
Weekend Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/06/2012

Lançado para dia dos namorados e parada gay, este filme britânico foi superpremiado (Cullen foi revelação e foi melhor produção no British Independent Film Award), ganhou os festivais gays da Tchecoslováquia, Hamburgo, LA Out Fest, San Francisco e Toronto, além de roteiro no Festival Dinard, roteiro do prêmio do jornal Evening Standard, Prêmio dos Jovens em Ghent, revelação de diretor pelos críticos de Londres (Haigh), ator e filme dramático em Nashville. E de todos os filmes recentes do gênero lançados por aqui recentemente é o único que realmente merece ser destacado por sua qualidade artística e atrair também o público de arte.

O diretor Haigh havia feito antes quatro curtas e um documentário sobre garotos de programa (Greek Pete, 08). Mas toda sua formação foi como assistente de montagem de filmes como Gladiador, Cruzada, Sorriso de Mona Lisa, Hannibal.
Ainda é surpreendente como ele resolve bem um filme modesto, que em outras mãos poderia não resultar. Na verdade, ele é bem simples, mas tudo é contato com veracidade e principalmente dois bons atores (em particular o central que é o galês Tom Cullen, que parece muito promissor). Ele faz o barbudo Russell que vive sozinho, discretamente, trabalhando como salva-vidas de uma piscina pública. Embora seja gay, não assume isso para ninguém nem seus melhores amigos (de quem é padrinho da filha). Mas saindo dali vai até boates especializadas, onde fica de paquera com um outro sujeito, Glen, interpretado pelo também eficiente Chris New. O relacionamento deles não chega a ser explícito, mas chega perto do sugestivo. Russell gosta de Glen, mas este reluta em tornar a transa em algo mais sério, até porque ele já tem data marcada para se mudar para os Estados Unidos, não pensando em retornar.

Nesse pequeno período de tempo, os dois se conhecem, conversam sobre tudo, transam, se separam, tem dúvidas, tudo conduzido inclusive com um certo tom romântico (mas nunca sentimental basta dizer que não há trilha musical, só música de títulos e incidental).

O feito é que os dois personagens conseguem se colocar, existir como seres humanos, passando com sinceridade os dilemas da sua condição e preconceitos. Prova de que com um mínimo de orçamento, se pode fazer um filme que transcende seu ghetto e vira obra de arte.