Segundo filme do personagem James Bond, também considerado um dos melhores da série (apesar de algumas ingenuidades e detalhes datados), estabelecendo o costume de ter uma canção como tema (aqui cantada por Matt Monro mas apenas nos letreiros finais). Notável pelos famosos vilões, Red Grant (Robert Shaw (1927-78), que depois viraria astro com o Tubarão) e Rose, com seus sapatos assassinos (a sinistra alemã Lotte Lenya - 1898- 1981 - viúva de Kurt Weill e estrela dos textos de Brecht, lenda da Broadway).
Foi o primeiro a apresentar a figura de Q com suas invenções (a maleta que desde então passou a ser chamada de James Bond e se tornou lugar comum entre executivos, o relógio com fio para estrangular). O livro de Ian Fleming era considerado pelo presidente Kennedy como um de seus preferidos e Connery considera este como o melhor da série Bond. Há outras duas cenas famosas, a luta no vagão do trem e a cena sexy no campo dos ciganos.
O que poucos sabem é que no final do romance James Bond morria! Resultado da frustração do autor Ian Fleming com a pouca repercussão que os livros estavam tendo. As frases finais do livro são “Ele disse ou pensou que disse “Eu já a tenho a mais encantadora...”.
Bond caiu lentamente no chão no chão cor de vinho”. Assim ele morre vítima do ferimento imposto por Rosa Klebb com seu sapato com a faca envenenada. Só que este livro foi bestseller e a série continua, mais que isso, ele depois achou que era a melhor de todas as novelas do herói.
Talvez sua reputação se deva justamente ao fato do filme ter dois vilões memoráveis. Já que é muito difícil esquecer Lotte Lenya (ela vinha de uma indicação ao Oscar e Globo de Ouro pelo filme anterior, Em Roma na Primavera, onde fazia cafetina com Vivien Leigh, 1961), uma mulher muito feia e uma grande atriz (fez poucos filmes mas o mais famoso foi A Ópera dos Três Vinténs, de Pabst e Brecht em 1931, ainda na Alemanha).
Tem poucas cenas no filme, mas é assustadora como Rosas Klebb em particular com o já mencionado sapato envenenado. O outro é o carismático Shaw, que morreria cedo demais sem tempo de aproveitar o estrelato (ele também era talentoso romancista e dramaturgo) que faz o pupilo dela, o forte (para a época), Grant.
Quem passa meio em branco hoje é o mexicano Pedro Armendariz (1912-63) que interpreta o turco Kerim Bey, e que foi o ator mexicano de carreira mais internacional, com muitos filmes em Hollwyood. Este foi seu último filme porque já estava sofrendo de câncer (não aparenta mas ainda assim suas cenas foram rodadas antes por causa da saúde debilitada) e logo depois se mataria aos 51 anos em Los Angeles.
Reza a lenda que ele pegou por radiação quando filmou Sangue de Bárbaros em 56, num deserto americano contaminado que também matou o resto do elenco da mesma doença, John Wayne, Susan Hayward, Agnes Moorehead, o diretor Dick Powell! Pedro (que teve um filho ator já falecido que usou o mesmo nome) fez 126 filmes como São Francisco de Assis, Capitão Simbad, o Bruto de Buñuel, Terra Maravilhosa, Resgate de Sangue, O Céu Mandou Alguém).
Desta vez os produtores resolveram descobrir uma nova estrela para o filme, no papel da espiã russa que se envolve com 007. A escolhida foi a italiana Daniela Bianchi (1942), cuja voz teve que ser dublada por outra, a inglesa Barbara Jefford.
O filme tem outras Misses, Martine Beswick e Aliza Gur(Israel). Bianchi foi Miss Itália e foi finalista ao Universo. Fez 16 filmes começando com figuração em Amar é Minha Profissão, com Brigitte Bardot, 58. Mas depois deste as fitas foram de rotina (incluindo O.K. Connery, que foi estrelado por Neil Connery, irmão de Sean em 67, chamou-se aqui Operação Irmão Caçula). Largou a carreira para se casar com um magnata armador de navios. Só que revendo o filme hoje em dia ela não resiste (tem defeitos, uma boca pequena), é fraca como atriz e não tem personalidade. Sorte dela, ter se aposentado cedo e bem.
Para o personagem foram consideradas outras atrizes:Pia Lindström, filha de Ingrid Bergman, Sally Douglas, Magda Konopka, Margaret Lee, Lucia Modugno, Sylva Koscina, Virna Lisi e Tania Mallet. Os produtores quiseram Elga Andersen mas ela foi considerada difícil demais pela United. Elga fez no Brasil Os Bandeirantes de Camus e com Steve McQueen, 24 horas de Le Mans.
Também o velho problema da back projection interfere no filme, onde praticamente todas os closes são feitos em estúdio (inclusive Veneza ao final. Também filmaram na Turquia, Escócia, Londres, Espanha). Desta vez Moscou já tinha mais prestigio e foi indicado para prêmios (como Globo de Ouro de canção, ganhou Bafta de fotografia).
Uma das coisas mais intrigantes do filme é fazer suspense com a figura do chefão do Spectre Ernest Blofeld de quem vemos apenas o gato de estimação e detalhes das mãos. Não é creditado mas teria sido interpretado por Anthony Dawson, que em Dr. No foi O Professor Dent. A voz foi dublada por outro ator Eric Pohlman.
No fim do filme, na sequência com o helicóptero, um piloto inexperiente voou perto demais de Connery e quase o matou. Noutro momento esse helicóptero com o diretor Terence Young caiu na água e por pouco não morreu. Saiu do acidente com braço na tipoia e retomou a filmagem imediatamente). O orçamento desta vez foi 2 milhões de dólares, o dobro de Dr. No e a renda quase 79 milhões. Curioso: quando o presidente colocou o livro de Fleming entre seus dez livros favoritos na revista Life de 17 de Março de 1961, foi que os produtores resolveram fazer este segundo James Bond movie.
Segundo o livro Death of a President (1964), de William Raymond Manchester, este foi o último filme que o presidente viu numa sessão privada na Casa Branca em 20 de novembro de 1963. Neste filme, o heroi não diz "Bond, James Bond"! Pela primeira vez o personagem de "Q"/ Major Boothroyd é interpretado por Desmond Llewelyn (foi antes de Peter Burton mas não estava livre para esta produção). Llewelyn estaria na série nos próximos 16 filmes. Há boatos não confirmados que Ian Fleming faz figuração neste filme ao lado do trem do Orient Express. Outras fontes negam isso.
A cena em que James Bond e Tatiana Romonava se encontram pela primeira numa suíte de hotel tem sido usada como teste para atores que podem trabalhar na série. Os jardins que aparecem na cena inicial (por sinal das mais fracas de todas) foi inspirado no do filme O Ano passado em marienbad e recriado em Pinewood. Esta foi a primeira vez que John Barry foi o compositor central de um filme de 007.
Barry acha que só em Goldfinger que iria se sentir à vontade. A cena de abertura onde Bond é morto por Red Grant, foi escrita e deveria aparecer no meio do filme, mas o montador Peter R. Hunt (depois também diretor da série), achou que funcionaria melhor como um teaser no prólogo, que naturalmente depois se tornou uma tradição. James Bond Connery so entra em cena aos 17 minutos e 15 segundos.
A cena da luta no trem levou três semanas para ser feita. Os produtores não queriam que o maior inimigo de Bond fosse a Rússia por isso que convocaram a Spectre que busca vingança de seu líder Dr. No. O quartel general da Spectre no filme é na verdade a administração do Pinewood Studios.
A cena de amor entre Sean Connery e Daniela Bianchi causou problemas com a censura na Inglaterra, que achou voyeurismo explícito demais. Este foi o primeiro filme da serie que usa a frase James Bond voltará em... no caso Goldfinger. Essa tradição terminará depois de Octopussy.Em 1950, um americano que era attaché naval foi assassinado e jogado do Orient Express por um agente comunista. Foi isso que inspirou o livro. O título veio de outro filme, To Paris with Love. A trama gira em torno do Lektor Decoding Machine, que se chamava Spektor no livro e foi mudado para não lembrar Spectre.
Foi inspirado na famosa máquina Enigma da Segunda Guerra. O filme teve por problemas de produção e hoje se credita ao trabalho do montador Hunt usando técnicas inovadoras que teria salvado o filme. O personagem de Rosa Klebb foi inspirado em Coronel Russa que Fleming conheceu e a grega Katina Paxinou foi a primeira opção.
Walter Gotell, que interpreta Morzeny, depois fez o General Gogol em O Espião que me Amava e reprisou o papel em cinco filmes posteriores. Duas atrizes iriam retornar em outros filmes, Nadja Regin, que fez a garota de Kerim faria dançarina no começo de Goldfinger, e Martine Beswick, uma das ciganas seria Paula em Thunderball. No jogo de xadrez foram reproduzidos os movimentos de Boris Spassky e David Bronstein no Campeonato de Leningrado em 1960. Vladek Sheybal (Kronsteen) era um ator polonês que foi convidado por seu amigo Sean Connery e depois seria um regular nos filmes de Ken Russell. A perseguição de barco no fim do filme supostamente seria na Grécia, mas foi rodada na Escócia (Lunga House, Loch Craignish Ardfern, Argyll).
A mesquita em que Bond encontra Tatiana é chamada de Hagia Sophia e foi originalmente uma igreja convertida para mesquita em 1453. Um videogame foi lançado 22 anos depois do filme: James Bond 007: From Russia with Love e traz a voz de Sean Connery, sua última aparição como o personagem.
O merchandising desta vez inclui Rolex; Taittinger Blanc de Blanc Champagne; um pôster anunciando um filme dos mesmos produtores, Ridifi no Safari, motores Bentley, James Bond dirige um Derby Bentley Mark 4 ½ Liter Sports Tourer conversível. Lois Maxwell (Miss Money penny) e Connery consideram este seu filme favorito da série.
Pontas: Dorothea Bennett, mulher do diretor é vista filmando o casal na ponte em Veneza, Jaqi Saltzman, mulher do produtor Harry Saltzman está encostada na janela no Orient Express, perto de Robert Shaw.