Crítica sobre o filme "Rock of Ages - O Filme":

Rubens Ewald Filho
Rock of Ages - O Filme Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/08/2012

Já está em cartaz, há alguns anos, num pequeno teatro da Broadway, este musical que conseguiu piorar muito com um roteiro bobo (assinado por Justin Theroux, atualmente noivo de Jennifer Aniston e incrivelmente mal dirigido por Adam Shankman, também coreógrafo). Em sua carreira, já tinha acertado com Hairspray, mas antes disso também fez bobagem com Doze é Demais, A Casa Caiu, Operação Babá, Um Amor para Recordar, O Casamento dos Meus Sonhos. Nada pior, porém, do que aqui.

Há algumas razões porque fui assistir o musical de rock Rock of Ages.

Kristin Hanggi chegou a ser indicada ao Tony de melhor diretora de musical em 2009 e, desde então, continua a ser sucesso na Broadway. O fato é que o show também é o único exibido nos domingos às 19h30, ou seja, não concorre com nada e está em cartaz no pequeno e simpático Teatro Helen Hayes (que depois disso vai ter que passar por uma reforma). E, no final das contas, em cena é bem bobinho, lembra mesmo The Book of Mórmons, porque tem o mesmo estilo de humor, a completa farsa, primeiro debochando de tudo, mas no fundo com poucas ousadias (palavrões em fartura, mas não tem nudez, para eles um tabu, drogas de passagem, mas qualquer filme americano tem isso). Ou seja, a técnica é, no começo, pegar pesado e dar a impressão de que vai ser um show pesado e revelador. Nada disso, é apenas uma brincadeira, interpretada por um elenco desconhecido. É incrível a qualidade dos atores, todos perfeitos humoristas e excelentes cantores (que não deixam de fazer o belting tão querido da Broadway).

O show parte do princípio de usar canções do Whitesnake e de outros grupos dos anos 80, a era Reagan (e já avisam que Deff Lepard não liberou seus trabalhos). Tem um narrador que também é o cara do som (que provoca as melhores piadas e basicamente cria a situação romântica). Um aspirante a compositor se apaixona pela moça que chega do interior (Ashley Spencer), mas não sabe conquistá-la e esta cai nas garras de um roqueiro famoso (que depois a despreza e ela vai ser stripper!). Há também um capitalista alemão que deseja destruir a casa de rock (que fica na Sunset Strip), mas no fundo todo mundo é bonzinho, no fundo quer amar e ser amado. A cara feia do começo era pura fachada para o passatempo (a sala estava cheia de velhos e nenhum se horrorizou ou saiu no meio, ao contrário, tudo foi recebido com alegria e ovação. Ou seja, até os roqueiros ficam velhos).

Infelizmente, o elenco também é muito irregular. O que se sai melhor é justamente o super star Tom Cruise, que deve estar realizado o sonho antigo de virar rock star, no caso o veterano e desgastado Stacee Jax, cabeludo e que teria mais efeito se aparece ainda menos. Cruise sempre foi meio poseur e aqui não fica por menos. O ponto de partida seria um o decadente astro que vai se apresentar numa pequena boate da Sunset Strip, justamente parecido com a casa de Johnny Depp onde morreu River Phoenix (e que pertence, na história, a um velho roqueiro, no caso Alec Balwin). Mas a história é completamente inviável e sem lógica. Aliás, o filme já é destruído na primeira cena, quando num ônibus em direção a Los Angeles, uma moça, Sherrie (Juliane Hough), já começa cantando. É o tipo da cena que demonstra que vai ser um musical chato, excessivamente cantando e antiquado. E tudo vai piorando, a heroína conseque emprego de garçonete e passa a ser paquerada. Difícil dizer quem é pior: Juliana, que foi descoberta em programa de dança na TV americana, ao menos tem olhos límpidos e nenhum talento. Muito pior que ela está o galãzinho imberbe e inexpressivo, um tal de mexicano chamado Diego Bennetta, que fica perto do desastre. O romance não dá muito certo porque a moça é despedida e vai parar numa casa de striptease no vizinho, onde vai dançar com a Pole e imediatamente se torna prostituta, sem qualquer obstáculo. Tem ainda a cafetina do vizinho (Blige), o empresário desonesto (Giamatti) e até mesmo um romance gay (outro absurdo, porque imediatamente começam a desmunhecar!). O problema é que não tem energia, paixão e os rocks antigos não ganham versões convincentes. Ou seja, absorve os defeitos dos musicais antigos sem adquirir alguma novidade. Custou U$ 75 milhões e não chegou a render nem 38! Fuja!