Só agora que consegui assistir este super elogiado filme que tem sido citado pela crítica americana (o Independent Spirit, críticos de Washington), mas que eu fiquei com a sensação de merecer mais.
Eu o assisti no Bristol numa sala com (relativamente) bastante gente, principalmente jovens que reagiram ao filme como risos e atenção. Cheguei mesmo a gostar da participação de Logan Lerman (muito ruim em Percy Jackson e os Três Mosqueteiros e que aqui representa um adolescente de cerca de 15/16, sempre usando uma mesma expressão, que não muda. Mas que ao menos é adequada).
Acostumado a assistir comédias sobre adolescentes, grossas e cafajestes, é bom encontrar um filme sensível, narrado por um garoto problemático (o poético título nacional é um equivalente ao americano que não teria sentido aqui, já que faz referência a papel de parede, coisa pouco usada por aqui).
O interessante é que se trata de uma história autobiográfica do próprio diretor/autor do livro, passado em Pittsburgh, de tal forma séria que depois de ter sido censurado para menores R, foi reduzido para PG-13, porque traz um bom exemplo, tudo justificado. Esta é a história de Charlie, um garoto que vai começar no primeiro ano da fase final da High School, mas ele tem uma conturbada história familiar que iremos conhecendo aos poucos.
Embora sua família seja atenta e procure lhe dar assistência, ele sabe que é preciso fazer amigos numa classe cheia de bullies e gente desinteressada nele. Faz amizade com um professor de literatura (Paul Rudd) porque gosta de ler livros, mas até por um pouco de sorte se aproxima de um grupo de desajustados da escola, o homossexual Patrick (cuidado para o talentoso Ezra Miller não ficar restrito a esses papéis depois de ter impressionado tanto com Precisamos Falar sobre o Kevin) que mantém um caso escondido com um jogador de futebol enrustido e a melhor amiga dele Sam (Emma Watson, de Harry Potter, procurando ampliar seus horizontes no papel de uma garota insegura que sempre escolhe os homens errados e por quem Charlie irá se apaixonar, embora seja mais velha do que ele).
Logo Charlie irá fazer parte da turma, chega mesmo a experimentar álcool e drogas embora perturbado por delírios e visões (a explicação para isso só virá ao final com a participação da neozelandesa Melanie Lynskey, de Almas Gêmeas, que tenta a carreira agora em Hollywood).
As situações e reviravoltas dramáticas são fáceis de nos identificarmos e o filme, sempre bem conduzido (o diretor fez o roteiro do longa Rent para o diretor Columbus que deve ter influenciado na escolha do elenco e outro filme desconhecido aqui The Four Corners of Nowhere).
Há ainda uma ponta que traz de volta Joan Cusack (que tenta fazer a sério uma psiquiatra, mas sua cara gaiata não ajuda) e o uso eficiente no túnel da canção Heroes de David Bowie interpretada pelos The Wallflowers.
Ou seja, tem tudo para ser um filme cult dentre os jovens, muito melhor do que a média do gênero. Vale conferir que está para sair de cartaz.