Foi um dos grandes fracassos do ano passado. Uma superprodução de cerca de 100 milhões de dólares que não rendeu mais de 26 milhões. Um filme esperado por causa do prestígio do livro original de David Mitchell e que apesar dos pesares teve indicação ao Globo de Ouro de trilha musical.
Ainda havia certa esperança de que no Brasil o filme possa ir melhor porque sua mensagem é perto do espiritismo, seria de que os seres humanos teriam várias reencarnações e de cada vida aprendiam alguma coisa (ou várias) para irem se aprimorando para as seguintes.
Infelizmente este é um dos filmes mais confusos que já assisti e que pior, se torna quase intolerável. Sem pé nem cabeça. Mesmo quando dirigido a seis mãos ou vai ver é por causa disso (os três diretores trabalharam simultaneamente em sets diferentes para não atrasar o resultado).
Twyker é o alemão de Corra, Lola Corra. Sendo que este é o primeiro trabalho dos reformulados Irmãos Wachowski que ficaram famosos com a trilogia Matrix (mas que se perderam depois nos seguintes Speed Racer e V de Vingança). Nesse meio tempo, um deles que se chamava Larry e fugia da imprensa, fez uma operação transexual e atende pelo nome de Lana!
A primeira vista o problema do filme talvez seja em não contar a história passo a passo, vida a vida, mas misturar todas elas numa narrativa totalmente caótica, ainda mais complicada porque todos os atores fazendo em cada história diferentes papéis já que seria esta a mensagem do texto, que todos nós ficamos nos reencontrando vida a fora, reencarnação por reencarnação.
O livro que se revela infilmável narra as seis diferentes histórias cada uma delas num estilo literário diferente. A proposta cinematográfica também é ambiciosa cobrindo cinco séculos de acontecimentos, difíceis de resumir e entender. Isso não é nem ajudado pelo elenco all–star porque ao representarem figuras múltiplas eles, com frequência, estão escondidos pela maquiagem (Halle vira até branca, Hanks faz um velho feiticeiro e assim por diante).
A mensagem meio new-wave é que o ser humano tem uma missão nesta vida, uma busca incessante por paz e tolerância, de forma que o passado sempre afeta o presente. E se pergunta: Se Deus criou o mundo, como sabemos o que podemos mudar e o que devemos deixar inviolável e sagrado?
Porque em cada uma das seis histórias os personagens lutam para superar suas fraquezas, demônios e limitações. Mas o fato é que os diretores não ajudam nada a gente a entender os diversos pulos no tempo.
Uma história começa em 1849, quando um advogado branco Adam Ewing (Jim Sturgess) ao voltar do Sul do Pacífico para San Francisco é tratado por um curandeiro de uma infecção no cérebro causada por um parasita tropical. Ele se recupera, ajuda um escravo fugitivo e se torna abolicionista (ou seja, é outro filme deste ano a lidar com o tema).
Outra história se passa em 1936, quando o jovem compositor Ben Frobisher (Whishaw) larga seu caso em Cambridge Rufus (James D´Arcy) para procurar fama e fortuna , se tornando na Bélgica o principal colaborador do compositor Vyvyan Ayrs (Broadbent) que estava criando a música tema do filme The Cloud Atlas Sextet.
A terceira história sucede em 1973 em San Francisco onde Luisa Rey (Halle) é uma jornalista da revista Spyglass que investiga corrupção em uma usina de energia nuclear. Para interrompê-la o diretor (Grant) contrata um assassino profissional (Hugo), para mata-lá. Reaparece D´Arcy como um físico já velho e Tom Hanks, como empregado da usina.
A quarta seria a única que tem pretensões a comédia e se passa na atualidadena Inglaterra. Um editor Timothy Cavendish (Broadbent) ganha uma fortuna quando um de seus autores (Hanks) joga um critíco pedante de um balcão. Quando precisa de dinheiro chama o irmão (Grant) que o engana e o interna numa prisão de loucos. Lá ele planeja uma fuga.
Chegamos mais perto da conclusão na quinta história, que se passa em 2141 em Neo-Seoul. Uma empregada Sonmi (Doona) é interrogada pelas autoridades porque tem pensamentos independentes. É salva por um guerrilheiro (Jim Sturgess), que enfrenta as forças militares.
O final vai ocorrer no Havaí em 2331 e 2346 após-catástrofe mundial. Zachry (Hanks), vive isolado numa área rural liderada por uma mulher (Sarandon), que cultua a deusa Sonmi. Ele tenta enfrentar os canibais que são liderados por Hugh Grant) mas tudo muda quando aparece Meronymn (Berry), uma emissária de comunidade mais avançada.
Eles vão até o topo de uma montanha e enfrentam o demônio (Weaving). A mensagem que eu custei a crer foi singela: teremos um mundo pacífico e sem opressão se a humanidade aprender a ter uma vida simples e verdade e amor.
Meio caminho entre a ficção científica e o religioso, A Viagem é um filme difícil de enfrentar, não sabe fugir de momentos ridículos, ou cansativos. Mesmo os que tiverem boa vontade acabarão por se cansar.