Cr�tica sobre o filme "Pietá":

Rubens Ewald Filho
Pietá Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/03/2013

É curioso se ver um filme coreano usando com símbolo uma imagem icônica católica, ou seja, a famosa estatua da Virgem Maria com o corpo de Cristo nos braços). Ainda mais de um cineasta que justamente nos acostumou a embarcar em alegorias budistas de grande impacto como O Arco, Casa Vazia, e principalmente Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera. Este inclusive ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza (e mais 3 prêmios lá) e Melhor filme em Dubai.

Apesar disso não chega a ter o impacto prometido. Sempre daquela maneira sucinta (câmera na mão, poucos diálogos, poucas explicações) ele conta uma história complexa e obscura. O herói é uma espécie de capanga que vai castigar os que pediram dinheiro emprestado e agora não podem pagar. E os castiga sem piedade (exemplificado por um casal que ele persegue). até um dia em que aparece uma mulher, ainda atraente dizendo ser sua mãe que o abandonou e que agora quer cuidar dele. Sofre toda sorte de abuso até sexual, mas não desiste da perseguição, que irá ganhar contornos inesperados e violentos. Até um final marcante. 

Tudo com grande quantidade de exteriores, que conseguem extrair até certa poesia de regiões degradadas. Não atinge porém a força e rudeza de outros filmes dele, nem o imaginário sugerido pelo título. Enfim, admiro o diretor, mas não me parece estar entre suas melhores obras.