Crítica sobre o filme "Guerra Mundial Z":

Rubens Ewald Filho
Guerra Mundial Z Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/06/2013

Este é certamente o mais caro filme de zumbi de todos os tempos e possivelmente o melhor. Não apenas nunca houve que mostrasse o fenômeno em escala global (a Paramount comprou caro os direitos do livro original World War Z: an Oral History of the Zombie War para a produtora Plan B de Brad Pitt disputando com a Warner e a produtora Appian Way de Leonardo di Caprio). O filme foi rodado na Inglaterra, na Cornuália, na Escócia (onde as ruas de Glasgow se passaram pela Filadélfia), Valetta em Malta, e ainda Hungria. Tudo isso num orçamento que por diversos fatores chegou aos 190 milhões de dólares!

Eles mesmo confessam que a culpa foi de iniciar a filmagem sem terem ainda um roteiro completo, faltando principalmente o que chamam de Terceiro Ato, ou seja, o desenlace e conclusão. Isso foi de tal forma grave que chegaram a interromper as filmagens enquanto procuravam alinhavar uma resolução consistente. O mais interessante é que conseguiram esse feito!

Não vejo muito sentido em compara-lo com outros filmes de zumbis (os clássicos de George Romero ou mesmo a série de TV Walking Dead), mas o fato é que o diretor o alemão Marc Foster fez um bom trabalho. Ele havia errado em 007 Quantum of Solace, também porque o script não estava solucionado, mas que tinha carreira respeitável por causa do bonito, Em Busca da Terra do Nunca, o curioso Mais Estranho que Ficção e o que deu Oscar para Halle Berry, A Última Ceia. Aqui se trata de uma epidemia global e os zumbis não andam devagar, não devoram cérebros e não foram feitos para rir (como no divertido Todo Mundo Quase Morto, 04, até agora o ponto alto do gênero). O fato é que os zumbis correm muito e as perseguições se tornam um grande forte das situações. 

É curiosa a escalação do elenco que traz apenas Brad Pitt (por sinal, assumindo a idade e as olheiras, que na verdade não chega a comprometer) como astro famoso. O resto do elenco é formado por uma estrela de série de TV, Mireille Enos (da série The Killing), vários atores internacionais (até o alemão Bleibtreu de Corra Lola Corra), o que permite matar um deles para surpresa total (no caso, o inglês indiano Elyes Gabel, de King of Thrones, logo depois do personagem cientista dele ter resumido a moral da história e a possível resolução).

Pitt faz Gerry Lane. um funcionário das Nações Unidas que participava de missões secretas de perigo, mas que se aposentou porque uma das filhas está doente com asma (como aliás, milhares de crianças, enfim...). Ficou tão devoto a família que quando o mundo está a beira do colapso total (não se sabe como começou a epidemia, suspeita-se na Coréia do Sul) ele é convocado e por isso salvo com a família, mas ele recusa a missão e só aceita quando chantageado (se não for, a família será mandada para campo onde não há garantia de segurança!). Nunca vi isso antes num filme, um herói absoluto da história recusar missão nessa circunstância. Mais ainda quando Pitt é dado como morto, e sem respeito ou honra, o comandante expulsa a família do porta-aviões. Ou seja, nem os militares são confiáveis, nem a palavra de honra deles! Outra sequência que é bem bolada é quando a esposa que tem um fone especial liga na hora errada provocando um ataque dos zumbis (que são despertados por ruídos!). O que justifica a piada de “favor desligarem os celulares”. Enfim, a mensagem é dita por aquele cientista de vida curta que afirma que “a Mãe Natureza é um serial Killer, mas como a maior parte deles, ela quer se capturada, então ela deixa indícios, migalhas, pistas. A mãe natureza sabe disfarçar suas fraquezas como se fossem força”.

Se é verdade que todas as cenas de ação do filme são extremante tensas, por vezes de perder o fôlego. Difícil é escolher a quem mais impressiona. São duas as candidatas mais fortes, um momento em Israel onde se construiu um muro para impedir a entrada dos zumbis, mas cometeram uma falha tão grande que vai acontecer uma incrível corrida para tentar escapar de avião. E depois dentro do avião, a situação novamente se complica e explode de maneira espetacular. 

Por fim, haverá uma sequência de apenas suspense, como merece mesmo um thriller deste calibre. O resultado realmente é surpreendente e se inscreve entre os grandes filmes blockbusters desta temporada (o único que decepciona bastante até agora foi realmente O Homem de Aço, que é mediano, mas comete algumas barbaridades). No momento em que escrevo a crítica o filme já rendeu 82 milhões de dólares nos EUA e 45 milhões no resto do mundo. Possivelmente vai e merece ao menos se pagar.