Só recentemente estreou nos EUA e na Inglaterra (e fracassou) este drama que tinha pálidas esperanças de ser lembrado para o Oscar® e no final das contas foi realmente indicado para o de figurino (para Michael O´Connor, de A Duquesa, Harry Potter e a Câmara Secreta). Um trabalho competente que não chama a atenção para si mesmo, mas esta discrição pode atrapalhar (que não tem como comparar-se com exercícios delirantes como O Grande Gatsby, críticos como a Trapaça , sóbrios como 12 anos de Escravidão e espetaculares como o chinês O Grande Mestre).
Este já é o segundo trabalho como diretor do excelente ator Fiennes (o primeiro foi uma competente atualização de Coriolanus de Shakespeare) na realização (sendo que duas irmãs deles estão no mesmo metier, Martha e Sophie. Aliás, ele é primo em oitavo grau do príncipe Charles!).
Os ingleses adoram historias de infidelidades dos famosos mesmo que sejam reveladas muito tarde. Como é o caso de um romance que sucedeu com um dos mais romancistas do Mundo, o genial Charles Dickens (11812-70), criador de clássicos como David Copperfield, Oliver Twist, Grandes Esperanças e inúmeros peças de teatro que ele adorava dirigir em casa com a família.
Aqui se revela que Charles que apesar de casado e com um monte de filhos (9), foi infiel durante anos com uma admiradora muito mais jovem chamada Nelly Terman (que escreveu o livro em que se baseia o roteiro). Esta queria ser atriz, mas seu talento era duvidoso, mas não seu charme juvenil. Conheceu-o aos 18 anos e apesar da diferença de 27 anos de idade, a época em que viviam era o auge da hipocrisia (era Vitoriana) e havia regras diferentes para homens e mulheres. A única saída para ela ser aceita era continuar a ser invisível para proteger a reputação não apenas dela, mas também dele! Li vários críticos que reclamam que a história parece incompleta, com uma narrativa frouxa e sem emoção. Ele mesmo não brilha especialmente com Dickens (ou será medo de mostrar um lado negativo de uma Lenda?). Resulta enigmático e não apaixonante. Outros disseram vago e esotérico. O mesmo se pode dizer de Felicity no papel da amante (fez muita coisa como Histeria, Loucamente Apaixonados, Tempestade, mas ainda não conseguiu deixar maior impressão). Por outro lado, charmosa e cativante como sempre, a parceira de Ralphe em O Paciente Inglês, está a adorável Kristin Scott Thomas.