Crítica sobre o filme "Vic + Flo Viram um Urso":

Rubens Ewald Filho
Vic + Flo Viram um Urso Por Rubens Ewald Filho
| Data: 18/06/2014

Este foi o filme vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim do ano passado. O sexto filme de um roteirista, produtor e diretor Denis Côté (não conheço os anteriores), mas tudo indica que tem um estilo muito pessoal, com pouco diálogo, pouco humor, personagens solitários que se cruzam mas não interagem. Passa-se inteiramente numa região de florestas do Canadá, para onde vai uma mulher de meia idade, Victoria Champagne que chegou lá e foi morar na casa de um homem que diz ser seu tio (todo mundo acredita no que ela diz e depois há uma participação de um policial misterioso, o talentoso Grodin de C.R.A.Z.Y, que também não ajuda em nada a decifrar o passado dos envolvidos. Esse tio está muito doente, fica dormindo numa cadeira, sem poder falar e não demora irá morrer. Um rapaz que vive perto e se diverte fazendo voar brinquedos também nada esclarece.  Felizmente surge uma mulher aparentemente em visita, chamada Florence (só agora que me dei conta fazia tempo que não via Romana Bohringer, que passou em branco em Renoir, agora volta já madura, com uma aparência de grega. Que chama dramalhão! Chama e logo ele chega.

Logo o filme surpreenda com uma sequência inesperada e muito cruel (que de certa forma relata ao título que de maneira nenhuma deve ser levada ao pé da letra).  Se por um lado tem um aspecto metafísico por outro dá uma visão pessimista do ser humano, bastante instigante.  Quase um conto de crianças perdidas na floresta, sem ser parecido com coisa alguma. Frio, clínico, perturbador.