Crítica sobre o filme "Médico Alemão, O":

Rubens Ewald Filho
Médico Alemão, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/06/2014

A história parece interessante, mas fique prevenido que não chega a ser suspense e não tem qualquer sensacionalismo. Talvez seja até sóbria demais. Este é o novo filme da jovem diretora Lucia Puenzo, que é filha do importante diretor Luiz Puenzo (Oscar® de filme estrangeiro por História Oficial, de 85, mas que fez poucos filmes depois, como Gringo Velho, com Jane Fonda, para se tornar produtor, também dos filmes da filha, do qual este já é o terceiro longa. Já vimos aqui o segundo XXY, 07, e teve ainda El Niño Pez, 09).

Todo mundo já vai reconhecer de quem Lucia está falando de um caso real, de que todo mundo ouviu muito falar. Na Patagônia, em 1960, um médico alemão encontra uma família argentina e os acompanha até uma pequena cidade onde eles irão começar uma nova vida. São Eva (Natalie Oreiro de Infância Clandestina), Enzo e seus três filhos, que hospedam o doutor em sua casa e deixam a filha Lilliuh a seus cuidados sem saber que estão ajudando um dos criminosos mais perigosos e procurados do mundo, que agentes israelenses não estão conseguindo localizar. Já se disse que o roteiro é um pouco com a fábula do lobo que entra no estábulo e vai se aproveitando da fraqueza alheia (ele quer fazer experiências com a menina Lilith, que tem problemas de crescimento). Há também um paralelo entre o pai e o doutor, um procurando recriar uma boneca para chegar à perfeição humana e o outro em busca do perfeito corpo ariano.  

O roteiro é baseado num livro que foi escrito pela própria Lucia (seu quinto romance) mostrando Josef Mengele, o Anjo da Morte da SS Nazista, em parte dos anos que ele passou se escondendo na America Latina.

Exibido no Certain Regard do ano passado em Cannes do ano passado, o filme ganhou um número impressionante de 11 Prêmios da Academia Argentina. Foi melhor direção em Havana e   indicado ao Goya de filme Iberoamericana.  Não é um novo Meninos do Brazil, muito pelo contrário. Discreto e mesmo recatado (o título Wakolda se refere à boneca da menina), não mostra a parte brasileira da história (já que Mengele teria vindo para as proximidades de São Paulo onde morreu em 1979 sem ser capturado).