Crítica sobre o filme "Boxtrolls, Os":

Rubens Ewald Filho
Boxtrolls, Os Por Rubens Ewald Filho
| Data: 06/10/2014

Se eu soubesse que este novo filme de animação foi feito pela mesma produtora que deu tão certo com dois trabalhos ousados e interessantes como Coraline e ParaNorman (este um pouco menos) com certeza teria esperado mais e me decepcionado. Deve ter sido aqui um tremendo fracasso de bilheteria, em parte porque é uma fantasia muito distante de nossas crianças, mais próximas da britânicas (embora essa firma seja baseada no Oregon e se chame LAIKA) e tem todos os defeitos que elas não suportam: não tem grande graça, nem personagens fortes para se identificar e sua trama é muito distante de seu universo.

Não sei se é dark demais com seu universo de gente feia, os heróis são aqueles monstrengos chamados trolls e não muito familiares para nós. Eles vivem numa cidade ilha onde são perseguidos pelos poderosos que não pensam em outra coisa se não em queijos exóticos (outra coisa distante da crianças) e correr atrás dos inofensivos (ih,  não sei dizer se são criaturas, humanos não o são, mas sem dúvida são boa gente e adotaram um garoto muito pobre que agora cresceu e os defende). E se escondem atrás de caixas (os boxes portanto). Os velhos são feios e excêntricos  e incluem o vilão que nas horas vagas faz travesti como Madame Frou Frou , quando fica francamente pavoroso.

A  história não apenas custa a começar mas nunca tem gags muito divertidas. A concepção visual sim é interessante para quem trabalha com antiguidades ou direção de arte, que pode se deliciar com ruas escuras e estreitas, casas deformadas, uma heroína infantil chata e pretensiosa! Ou seja, é tudo muito visual dentro daquele jeito deformado de ser. Meio Jeunet,  meio Dickens, mas inspirado num livro de 2005 de Alan Snow  chamado Here Be Monsters, e se passa nessa lugar chamado Cheesebridge, onde repito alguns adultos especialistas em figurinos ou desenho de produção vão se encantar. A intenção é denunciar uma sociedade hierarquizada hipócrita, moralista e muito pouco desenvolvida. Novamente baseando-se em boatos e não fatos, perseguem os coitados dos trolls, que são totalmente inocentes a não ser por sua feia e má aparência.  

Embora eu ache que não há público aqui para este tipo de filme, ele não foi mal nos EUA onde em sua segunda semana (digo 10 dias) já chegou ao 32 milhões (para o orçamento de 60).