Crítica sobre o filme "Longa Viagem, Uma":

Rubens Ewald Filho
Longa Viagem, Uma Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/12/2014

Não estou muito seguro que exista ainda público para um filme como este, antiquado e pesado, bastante competente mas que nos tempos atuais, pode interessar apenas a um grupo pequeno de pessoas, quase todas elas com mais de 60 anos. Essa seria a idade daqueles hoje que mais ouviram falar do filme A Ponte sobre o Rio Kwai (57) de David Lean, vencedor de 7 Oscars, inclusive melhor filme, ator (Alec Guinness), diretor e além disso tendo uma marcha militar clássica até hoje como tema musical, Colonel Bogey. É pouco provável que os jovens se interessem por  esta  outra versão dos mesmos fatos reais, agora contados por livro do escocês  Eric Lomax (1919-2012). Também sou pouco familiarizado com o diretor do filme, que, no entanto, revelou talento em dois filmes pequenos que vi na Internet (Paixão e Sedução/Better than Sex, 2000) e o ainda mais curioso Burning Man (11).

Ele até parece ter mão para a coisa mas sua trama hoje em dia já não  provoca grandes lances . Basicamente o que vocês viram no filme Kwai (prisioneiros britânicos foram aprisionados brutalmente por soldados japoneses que os transformaram em prisioneiros de guerra e com requintes de crueldade os fizeram construir  uma estrada perto do Rio (que fica no atual Tailândia e que aparece no final do filme).  Esta é a história de Eric Lomax, um britânico veterano da Segunda Guerra, que numa  viagem de trem conhece uma bela jovem - Nicole Kidman, num papel que não precisava fazer - por quem se sente atraído (chega a mencionar o clássico Brief Encounter do mesmo diretor Lean), mas não será esse o caminho. Lomax é um homem atormentado pelo seu passado, quando foi forçado a trabalhar na Burma Railway, ou Estrada da Morte. Porque para construí-la morreram mais de 100 mil pessoas!!!

O filme naturalmente segue duas trilhas o romance e casamento com Nicole (que por isso tem uma participação decorativa) e os flashbacks mostrando a luta de Eric para sobreviver em particular sendo torturado por um oficial chamado Nagase (quem faz o personagem novo é o Jeremy Irvine, escolhido pelo próprio Colin, que o viu em War Horse). Eventualmente o grande momento do filme é quando o destino coloca Eric em contato justamente com seu algoz, seu nêmese o oficial japonês que o torturou e ainda esta vivo. E o filme faz a pergunta: é possível se perdoar o imperdoável?  Como escolher entre perdão e vingança?

Não se sabe o custo do filme, mas sua renda foi fraca, 4.430 milhões de dólares nos EUA e 17 milhões no resto do mundo.