Crítica sobre o filme "Grandes Olhos":

Rubens Ewald Filho
Grandes Olhos Por Rubens Ewald Filho
| Data: 29/01/2015

Originalmente dos Irmãos Weinstein, foi mal de bilheteria e critica nos EUA (não rendeu até agora mais de 14 milhões de dólares)  este novo filme de Tim Burton (curiosamente também fracassou ainda mais feio o novo filme do ex-queridinho  dele que é Mortdecai, com Johnny Depp, Ewan McGregor que não passou dos 4 milhões! Embora engraçadinho é inglês demais para o público americano gostar). Pois aqui fez Burton uma coisa rara em sua carreira, fazer um filme normal, sem estilizações, terror, bonecos ou quadrinhos. Na verdade, não vejo grandes motivos para se fazer um filme desses, já que sua história poderia servir (e olhe lá) para um canal tipo Lifetime dos EUA, ou seja experimentado em casos reais de mulheres infelizes e enganadas (que cometem atos de verdadeira burrice inexplicáveis).

Eles achavam que Amy Adams, como está sempre sendo indicada a prêmios, poderia ajudar. Nem sempre. Ela já foi indicada ao Oscar® por cinco vezes mas agora a ignoraram  (no máximo ganhou o Globo de ouro em comédia, e também indicação no gênero pelo britânico Bafta). E com toda razão, ela é uma figura encantadora, faceira, melhor muitas vezes do que os papeis que estrela. Aqui não brilha especialmente porque o roteiro (escritor por Scott Alexander, que fez Ed Wood com Burton e que por sinal que é o filme do diretor que mais semelhança tem com este. E também Larry Karaszeski esteve em Wood) é fraco.

Sem Depp ou Helena Bonham Carter (o casamento já devia estar indo por água a baixo), Burton conta de forma banal e pouco criativa um fato real (por falar nisso como tem filme desse tipo este ano para o Oscar!) acontecido nos anos 50 (tenho a impressão que ele só aceitou a oferta porque podia mexer com os figurinos!) e que foi rodado em formato digital (o orçamento era 60 milhões de dólares o que nunca se vê na tela), com duas canções da cantora da moda Lana Del Rey e até pontinha da biografada Margaret Keane (que hoje é testemunha de Jeová e faz figuração na cena do parque).

Ajuda muito para gostar do filme que você tenha ouvido falar dos quadros que a partir dos anos 50 (acho que aqui só pintou mais tarde e logicamente imitações) e que estouraram com uma característica: sempre os personagens tinham olhos grandes, em particular quando mulheres ou crianças. Isso fez cair nas graças das pessoas se tornando enorme sucesso. O problema é que essa senhora é passiva demais, e não vejo a “tranqüila dignidade” com que Amy a defendeu (houve várias duplas antes para os papéis, Kate Hudson e Thomas Haden Church, depois Reese Witherspoon e Ryan Reynolds, e depois de um pularam fora e sobrou para Amy e o astro duas vezes vencedor do Oscar® Christoph Waltz).

O problema desse senhor é Waltz é que ele parece se dar bem quando trabalha com Tarantino (e realmente fica excepcional) e perdido sem ele. Aqui ele faz um vigarista Walter Keane que descobre o talento da heroína e torna um sucesso comercial. Só que com um detalhe: ele assina os quadros e assume o sucesso! A moça sofre calada e leva horas para reagir, só que tudo é tão previsível, sem senso de humor que acaba irritando.

Um detalhe: falando em Oscar®, Burton nunca ganhou o prêmio apesar de sua carreira importante, foi só indicado duas vezes curtas de animação! Este aqui não precisa se abalar para ver.