Crítica sobre o filme "Tangerinas":

Rubens Ewald Filho
Tangerinas Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/02/2015

O problema de escolher para o Oscar® de filme estrangeiro, ou de língua não inglesa,  os melhores ou mais adequados e merecedores ou famosos filmes do mundo inteiro nunca foi resolvido direito pela Academia, que hoje usa o método de pedir indicações oficiais a cada país. Mas depois a Academia se atrapalha toda quando abre uma pré-lista aprovada por uma comissão que pode ser desautorizada quando se esquecem de algum filme irrecusável (como aliás fizeram este ano com o trabalho dos Irmãos Dardanne). E pelo jeitão não são muito simpatizantes do filme argentino, que para nós seria o obviamente mais divertido e bem sucedido.

Por isso praticamente todos os outros finalistas deste ano são filmes desconhecidos, difíceis, com poucas chances de sucesso. O polonês e minimalista Ida está longe de ser empolgante ou arrebatador. Sabem que eu acabei gostando mais justamente do filmes menos conhecidos com este aqui da Estônia, pais que mal lembramos, e que fez um filme pequeno, com mínimo de atores e situações com uma trama até tradicional mas que nem por isso deixa de emocionar e nos tocar.

A ação se passa na Georgia, região de Apkhazetti, em 1992. Um pequeno fazendeiro dono de um terreno esta ainda no lugar porque quer colher um número maior de suas tangerinas. Mas a guerra está na sua esquina e não demora que um homem ferido é deixado para trás. E o fazendeiro é forçado a cuidar dele.

Filmado muito perto de Abkhazia, menos de 5 milhas onde sucedeu as Olimpíadas de Inverno, numa região de fronteiras disputadas. Com a dissolução da União Soviética, muitos procuraram voltar para sua terra ancestral.  O avô Ivo (Lembit) que ficou para ajudar o vizinho Margus (Elmo) salvar sua colheita são interrompidos porque ha tiroteio entre Georgianos e gente do Cáucaso do Norte, apoiados pelos russos. Morrem muitos, os dois enterram as vitimas mas a animosidade muda para a casa deles, quando dois sobreviventes estão de cama: Ahmed e Nika, o primeiro um mercenário checheno que esta disposto a matar o georgiano Nika, assim que eles estiverem em condições de se enfrentarem novamente.

Mas o tempo passa e pode se pensar que até eles vão ficando se não amigos mais próximos, se recuperando. Mas a gente sabe que não é bem assim, a ignorância humana não é tão facilmente superada. Sem esquecer o humor, o filme com delicadeza desenha seu inevitável final. Passado numa paisagem rural delicada, é daqueles que a gente gostaria de mudar o final, tornar as coisas mais lógicas e decentes. Mas seria mentir, nos enganarmos. O filme ensina sua amarga lição.