Ainda acho que as pessoas tem tanta saudade do antigo cinema italiano, do neo realismo que ficam inventando qualidades quando não encontram coisa melhor. É o caso deste filme que ganhou muitos prêmios em 2014, começando com o O Grande Premio do Júri, em Cannes, seguido por Sindicato dos Críticos italianos (para a principal atriz), um outro curioso por não ter sido distribuído no ano de 14, um de filme de diretor emergente (??), atriz e especial do júri em Sevilha e outro de emergente em Munich.
A diretora Alice seria mais conhecida por ser irmã de Alba Rohrwacher, que tem sido estrela de muitos filmes (A Bela que Dorme, Um Sonho de Amor, Irmãs Jamais, Que Mais Posso Querer) mas que tem pouco o que fazer aqui. O filme na verdade é muito mal costurado, difícil de seguir, com personagens mal definidos, situações vagas, planos longos, e impossível de se envolver. Não pode ser sem querer que escolheram como protagonista alguém chamado Gesolmina (o nome da heroína ingênua feita por Giulietta Massina por Fellini em La Strada). Mas é triste comparar como clássico.
Trata-se de uma família que vive numa velha e maltratada fazendinha na fronteira entre países criando abelhas da forma mais simplória possível. O pai da família reclama de caçadores que cercam sua terra (o ator é o belga Sam Louwyck) enquanto se reúnem em volta dele, a esposa, quatro filhas e ainda outra mulher (a suíça Sabina). Tudo vai normal, até quando as meninas encontram uma espécie de musa apresentadora de televisão - a sempre bela Monicca Belucci - que vestida de deusa, viaja pelo interior num programa de TV que promove produtos regionais de cada região. E que resolvem também divulgar o mel orgânico (?), tudo naturalmente fadado ao fracasso. Se os personagens fossem mais humanos, menos largados, sem passado apenas com presente, o filme seria menos superestimado. Francamente não passa de um ambicioso e falho exercício amadorístico.