Crítica sobre o filme "Não Olhe para Trás":

Rubens Ewald Filho
Não Olhe para Trás Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/04/2015

Esta é a melhor performance recente de Al Pacino e seu filme mais divertido e simpático. Nada de exageros, overacting, ou tentativas de interpretar Shakespeare. O filme escrito e dirigido por Dan Fogelman (estreando como diretor, é roteirista dos bons como demonstrou em Amor a Toda Prova, com Steve Carrell e a animação Enrolados) é vagamente inspirado em fatos reais, devidamente exagerados: existe mesmo um cantor folk chamado Danny Collins que estava começando uma carreira promissora mas acabou cedendo as pressões das gravadoras que lhe forçaram a gravar canções mais comerciais. Isso o sustentou numa carreira de sucesso mas também de total mediocridade, ou seja, ele vendeu a alma ao diabo. E tem um choque quando recebe um presente de seu empresário (deliciosa presença do veterano Christopher Plummer), que consiste numa carta que o lendário John Lennon lhe teria escrito na época de sua revelação, se dispondo inclusive a conversar com ele. Agora 40 anos depois isso é a prova de que ele tomou as decisões incorretas, que sua vida foi toda errada.

Aqui já vira ficção. Danny decide então expulsar sua companheira infiel para fora de casa, pegar seu jatinho (porque ainda esta muito bem de vida graças ao shows horrendos que faz) e tentar corrigir os maiores erros, tais como recomeçar a escrever canções mais pessoais e de melhor qualidade. E principalmente procurar encontrar seu único filho nascido de uma noite passageira de uma mulher já falecida que nunca o deixou vê-lo. O rapaz (feito pelo excelente Bobby Cannavale) tem uma filha hiperativa, uma esposa grávida (Jennifer Garner) e algo ainda mais grave, uma variante de câncer que pode ser mortal. Enquanto isso, Danny continua bebendo, tentando conquistar a gerente do hotel (outra esplendida presença de Annette Bening).

Ah, não sei se deixei claro que é comédia, bem divertida, com diálogos inteligentes (o único defeito que consegui sacar é ter vários finais, que vão se sucedendo). E Pacino esta feliz, muito a vontade, trazendo até um pouco de ternura as suas falas. Quem é fã dele, não pode perder. Mesmo que não gosta muito deveria encarar.