Crítica sobre o filme "Longa Jornada, Uma":

Rubens Ewald Filho
Longa Jornada, Uma Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/05/2015

Esta é mais uma adaptação para o cinema de outro livro do escritor Nicholas Sparks que parece ter entrado também diretamente na realização desses projetos. Isso pode explicar porque o elenco ficou menos famoso e as bilheterias caíram (também a equipe técnica é menos conhecida, aqui por exemplo o diretor Tillman Jr, é negro, começou bem com Homens de Honra, com De Niro, mas caiu na rotina de ação (Rápida Vingança, Notorious). Ou seja, não é nem do segundo time. A mesma coisa com o roteirista Bolotin cujo trabalho mais decente foi feito há mais de vinte anos (Black Rain). Querendo ser fiel ao texto original, meu palpite foi que Sparks deixou o filme ficar longo demais (139 min.), confuso (é difícil para o espectador casual entender a história de quem é o tal que pintou a retrato da mulher que gostava de museus! Ainda mais porque de repente sua presença passa a ter importância fundamental na história!). De qualquer forma, custou 34 milhões de dólares e não rendeu ate agora mais que 33 milhões (só 12 milhões de exterior). Mau sinal, porque o anterior O Melhor de Mim (o pior de toda a série) também rendeu pouco, 26 milhões (talvez porque tenha cometido o erro de matar o protagonista). E o anterior, Um Lugar Seguro (Safe Haven) porém que veio pouco antes e teve melhor elenco (no sentido de mais famoso), rendeu 71 milhões nos EUA. Já há outro filme do autor em produção, A Escolha (The Choice) com o superman Tom Welling. Um detalhe: os que assinam a produção são os mesmos de A Culpa é das Estrelas.

A figura mais conhecida deste elenco acaba sendo um loiro/arruivado igual a dezenas de outros. Mas se prestando atenção ele herdou os olhos (cheios de pé de galinha) e o perfil esquerdo do pai, que é o lendário Clint Eastwood. Scott é obviamente o filho de Clint Eastwood (nascido em 1986, que esteve também em Gran Torino, A Conquista da Honra, Curvas da Vida, Corações de Ferro). Não está mal, não chega a comprometer (e já virou astro com cinco outros filmes engatados, incluindo o ambicioso Esquadrão Suicida). A heroína é a loirinha Britt, uma veterana de 40 trabalhos (incluindo os recentes Tomorrowland, Cake, Under the Dome, De Repente Pai). Também se defende bem . O resto do elenco traz o muito envelhecido Alan Alda (mais famoso na teve por MASH), em papel chave, Jack Huston (neto do celebre diretor John Huston, que é Alda jovem), a gracinha neta de Chaplin, O´ona Chaplin (a jovem Ruth), o retorno indesejado de Lolita Davidovich (a mãe do herói).

Vamos à história, tentando não revelar muita coisa. Britt (Sophia) é uma estudante que mora na Carolina do Norte , estado sulista que geralmente produz os filmes de Sparks, embora ele seja do Nebraska. As amigas a convencem a ir a uma espécie de rodeio, o que aceita com relutância. Mas se interessa por um rapaz que ganha a prova (daquelas de montar no boi irado e não poder cair por 8 segundos!) e a convida para sair. Os dois se gostam mas ela deve ir para Nova York com bolsa e ele tem problemas de saúde que podem comprometer sua carreira. O filme muda de foco quando o casal salva de um acidente de carro um velho que carrega uma caixa de cartas antigas que ajudarão a explicar o mistério e o romance. Na verdade, há cartas demais mostrando como eles se apaixonaram, ambos judeus, ela fugindo do nazismo. Há então essas duas histórias paralelas que muito lentamente vão se desenrolando. Difícil entender como peão/boiadeiro pode se misturar com pintura abstrata moderna mas enfim, quem entrou no cinema era porque queria se emocionar e talvez chorar um pouquinho. Esse é o décimo filme de Sparks e definitivamente não o melhor.