Crítica sobre o filme "Último Poema do Rinoceronte, O":

Rubens Ewald Filho
Último Poema do Rinoceronte, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/06/2015

Vencedor de melhor fotografia em San Sebastian, mais fotografia, efeitos visuais e desenho de produção no Asian Film Awards, este filme em co produção entre Turquia, Irã e até Iraque, é no mínimo uma curiosidade. E conta com uma credencial, é apresentado por Martin Scorsese. É dedicado a Sana Jaleh, Farzag Kamangar e todos os prisioneiros políticos que ainda estão presos no Irã.

É baseado na vida do poeta iraniano-curdo Sadegh Kamangar que passou 27 anos na prisão islâmica do Irã, sendo que sua família pensava que ele estivesse morto. Foi mentira do governo. Os poemas são recitados por sua filha. O diretor do filme fez filmes famosos como As Tartarugas Podem Voar, 04, o premiado e tocante Tempo de Cavalos Bêbados,2000, e Antes da Lua Cheia ,06.

Mas fique preparado que a narrativa é esparsa, não linear e não fornece muitos detalhes, sem dúvida para não despertar a ira dos governantes. O que dá para entender é a presença do velho poeta que já sai grisalho e cansado, depois de ter sido separado da mulher (a sempre bela Bellucci, já madura) até por inveja dos empregados (um motorista lhe confessa amor). A paisagem é sempre instigante (mas foi feito na Turquia). Já foi dito que este é um filme de exílio já que o diretor foi obrigado a deixar o Irã em 2009 (o ator central também é exilado). Há momentos oníricos, imagens forçadamente poéticas que nos deixam com a impressão de uma obra irregular, bastante confusa e sem o devido impacto.