Crítica sobre o filme "Dior e Eu":

Rubens Ewald Filho
Dior e Eu Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/08/2015

Faz pouco tempo que o cinema Francês despertou para os documentários sobre moda, que já era um velho hábito dos americanos, por causa do sucesso do filme sobre Yves Saint-Laurent, um documentário e depois dois longas de ficção (ambos de 2014, os três dando ênfase a sua vida homossexual). Parte desse atraso se deve ao fato de que na França não existe, como nos EUA, a pessoa pública, sendo famosa, podem biografar quem quiser no cinema ou em livro. Na França, a imprensa não pode nem comentar sobre a vida pessoal de uma estrela da moda ou cinema sob pensa de processo. 

Mas um filme é sempre uma incrível arma promocional, não esqueçam que o nome da empresa, no caso Dior, é uma promoção fantástica para a marca, embora o verdadeiro Christian Dior (1905-57) tenha falecido aos 52 anos, há muito tempo atrás. Por curiosidade também desenhou figurinos para filmes como Quando a Mulher Erra, de De Sica, 53, O Silencio é de Ouro (47), René Clair, que era de época, e até Pavor nos Bastidores,  para Hitchcock e Marlene Dietrich, 50.

Este mais novo documentário que circulou por festivais (como no Rio, mas só foi premiado em Seattle) não tem qualquer fofoca e só vai interessar diretamente a quem trabalha com moda, ou se interessa por ela (o que já representa um enorme contingente de pessoas). Mesmo sendo um leigo no assunto, gostei de ver a narrativa atenta e estética engendrada pelo jovem Tcheng (parece de origem chinesa) que esteve também como montador de  Valentino: The Last Emperor (08), de Matt Tynauer e co-diretor de Diana Vreeland: The Eye has to Travell! (11). Aqui tudo começa quando um novo criador assume a Casa Dior, Raf Simons, que tem algumas semanas apenas para preparar o desfile da primavera de 2012. O filme ocasionalmente apresentava a voz de um locutor meio fúnebre que lê trechos da autobiografia do verdadeiro Dior (chegam a mostrar a casa de campo da família dele mas o filme não faz qualquer fofoca ou revela nada inesperado, apenas dá uma visão bastante expressiva do que é um atelier de alta costura. O mais fora do comum que sucede é quando um chefe costureira desaparece porque a chefe dela a mandou para Nova York para atender uma cliente que gasta uma fortuna nas compras na loja, portanto tinha que ser bem atendida!).

Então o filme vai interessar especialmente porque sem se interessa pelo funcionamento de um atelier, com funcionárias (há mais mulheres) simpáticas e atenciosas e que parecem saber tudo sobre costurar.

O astro Raf Simons nunca se explica ou se expõe, mas a gente acompanha o desfile esplendido realizado numa mansão em que as diversas paredes são decoradas com diferentes tipos de flores e orquídeas! No desfile vê-se muito rapidamente a incansável Sharon Stone, Marion Cottillard, Isabelle Huppert, Jennifer Lawrence.

Agradável e bem feito, porém não é um grande documentário, especialmente revelador.