Fazia tempo que Ridley Scott, que já foi um dos maiores diretores de seu tempo, não acertava, talvez porque esteve muito perturbado pelo suicídio sem explicação do seu irmão, sócio e também diretor Tony Scott (em 2012). Parecia que nunca mais teríamos filmes do estofo de Blade Runner ou Alien, o Oitavo Passageiro ou Thelma e Louise. De qualquer forma, este é o seu melhor trabalho em mais de uma década, uma competente aventura espacial situada num futuro próximo, que também restabelece a carreira ultimamente abalada de Matt Damon, que retorna já maduro (completa este mês 45 anos).
Não sei se chegará ao Oscar, mas é um filme que não precisa de desculpas, sempre mantendo o interesse e o suspense. É a historia de uma equipe de astronautas americanos, que está numa missão ainda de reconhecimento em Marte. Mas são vitimas de uma tempestade violenta e na confusão, acham que ele, Mark Watney foi morto. Partem apressadamente mas por um lance de sorte ele conseguiu sobreviver e agora procura na paisagem árida e vermelha do planeta. É quando o filme lembra um outro, bem mais antigo e modesto chamado Robison Crusoé em Marte (Robinson Crusoe on Mars, 64, de Byron Haskin, com o desconhecido Paul Mantee), que tinha uma situação semelhante (ele tem um macaco de estimação e aparece um Et que faz as vezes do Sexta-feira), Infelizmente nunca tive a chance de assisti-lo mas tem a reputação de Cult no gênero e um ponto de partida bem parecido.
Mas os tempos são outros, basta dizer que o mundo mudou tanto que o aspecto que mais me surpreendeu foi justamente o fato de que em determinado momento (Spoiler parcial) os americanos aceitam a ajuda dos chineses para determinado equipamento. O que não seria possível faz pouco tempo e não fosse o fato de que Hollywood nos últimos anos tem ganhado uma fortuna com a exibição de seus blockbusters por lá! Eles tem inclusive coproduzido os filmes (como o de Tom Cruise)!
Enfim, são coisas do capitalismo e ganhando dólares juntos ao menos pensam menos em guerras de verdade e se divertem com a fantasia. De qualquer forma, o protagonista Mark Watney é muito esperto e aos poucos vai conseguindo várias conquistas, a mais divertida delas é construir uma verdadeira horta! Só não consegue resolver o problema da trilha musical que foi selecionada pela comandante da nave (Jessica Chastain, menos eficiente que costume) e que é composta totalmente por clássicos da Disco Music (assim essa é a trilha do filme).
Depois que a NASA e os colegas descobrem que ele sobreviveu e a notícia comove a nação e o mundo começa o mais difícil, que justamente seria como resgatar o herói. Basta dizer que tudo é filmado de maneira eficiente, dando as chances de Matt fazer pequenos discursos para a câmera e resultando como já disse num filme interessante e divertido.
Resta falar do elenco que é muito versátil e diferenciado, indo buscar gente em Game of Thrones (Sean Bean), em Saturday Night Live (Kristen Wiig), em The Newsroom (Jeff Daniels), e para equilíbrio racial, o Michael Peña (que parece ser o único ator latino disponível que tem senso de humor), o sempre autoritário Chiwetel e até mesmo o Soldado invernal (Sebastian Shaw).