Depois de ter sido premiado com o filme anterior, Homens e Deuses (10), o diretor, roteirista e com frequência ator francês Xavier Beauvois resolver fazer algo mais leve, mais divertido com esta comédia ao mesmo tempo homenageia e satiriza o cinema na figura de uma de suas figuras mais lendárias, Charles Chaplin. E conta uma história real, Chaplin morreu em sua mansão em Vevey, na Suíça no dia de Natal de 77 aos 88 anos. Dias depois o mundo inteiro ficou sabendo da história macabra de que seu caixão havia sido roubado do cemitério e desaparecido. Aqui se conta aparentemente com algumas liberdades, o que teria sucedido. Ainda que citando as ironias (houve outras tentativas de conseguir dinheiro com chantagem por pessoas que nada tinham a ver, era puro golpe). Um dos personagens que parecem mais artificial e inconvincente é a do empregado da família Chaplin, que trás de volta ao cinema Peter Coyote, canastrão como sempre, um retorno que podia ser evitado.
Na verdade, o diretor falha em não construir melhor como comédia e mesmo farsa (até porque um dos heróis irá se tornar palhaço de circo). Não há química entre Eddy (o excelente Benoit, revelado há anos com um clássico, Aconteceu Perto de Sua Casa, 92) e o árabe Osman (o veterano Roschdy Zen). É quando Eddy convence o amigo a aplicar o golpe e o roubo (eles o enterram em outro lugar para poder fazer a chantagem) enquanto Osman ao menos tinha uma boa razão, porque a mulher estava num hospital e eles não tinham grana para pagar as contas e criar a esperta filha pequena.
Da metade para o fim o filme melhora porque o diretor dá abertura para o grande compositor Michel Legrand, fazer suas experiências com trechos de trilhas de outra origem, com a de Luzes da Ribalta do próprio Chaplin e depois outras ate de hino militar britânico, para depois finalmente optar por uma solução poética fazendo Osman ir trabalhar num circo (o número que ele faz lá é especialmente não indicado para crianças!). Xavier aproveita também a oportunidade de assim dar um papel para sua encantadora amiga filha de Mastroianni e Deneuve, Chiara Mastroianni. Finalmente, tem até citações de Hamlet.
Consegue-se dar algumas risadas, digo melhor sorrisos e a história sem dúvida merecia um filme melhor (até porque Chaplin está neste momento tendo uma bela montagem musical de sua vida no teatro em São Paulo).