Crítica sobre o filme "Operações Especiais":

Rubens Ewald Filho
Operações Especiais Por Rubens Ewald Filho
| Data: 29/10/2015

Confesso que nunca tinha visto isso antes, no crédito do filme, como diretor, está assinado Tomas Portella (que já é um cara experiente, tendo assinado e suponho que feito antes, além de uma longa carreira como diretor assistente, o terror Isolados, que passou em Gramado em homenagem a Jose Wilker, o horrível Qualquer Gato Vira-lata e ainda o recente Desculpe o Transtorno que está para estrear com Dani Calabresa) "e equipe"... O que parece significar que todos poderiam ter trabalhado no resultado do filme, meio obra coletiva, o que fica muito claro quando se percebe que o texto dito por Marcos Caruso, como delegado honesto, não tem nada a ver com o resto do script, na verdade é muito melhor. Espirituoso, inteligente e com frequência aparece em voz off em cima de cenas genéricas, ou seja, deve ter sido acrescentado na montagem, para melhorar o filme. Pena que não puderam corrigir outros problemas, o mais grave deles é deixar Cléo Pires, sem a menor direção, exagerando nas caras e bocas, num papel dramático que a direção ou falta de deixou maquiada e vestida como se fosse uma prostituta e não uma moça de família, com mãe e boas intenções.

A incompetência poderia ser ainda mais chocante não fosse a surpreendente qualidade dos atores, até mesmo coadjuvantes (deixamos o exagero dos vilões). Que coisa boa ver atores jovens mas experientes que fazem tudo como se fosse Shakespeare. OK, exagerei, mas é porque é bom ver Fabrício Oliveira interpretar com tanta verdade um policial e Fabíula Nascimento, geralmente comediante, no papel de uma dona de salão de beleza que prefere se acertar com o mundo do crime. Mesmo o roteiro não é tão ruim, considerando que prefere suavizar a realidade, dividindo os personagens entre policiais honestos e sérios e uns poucos que seriam corruptos e malcomunados com os ricos e poderosos, até mesmo as séries americanas policiais já são mais realistas do que isso e depois de Tropas de Elite I e II dá vergonha cair no esquema. Na história, uma moça de classe média larga um emprego num hotel, ela fez faculdade de turismo, para se inscrever na polícia onde diz o filme as pessoas são bem pagas (!!!) e acaba sendo mandada para o interior do Estado do Rio onde um delegado (um ótimo Caruso) está tentando resolver um crime (não mostrado) com crianças e insiste em fazer uma limpeza geral, indo até ao topo da hierarquia da cidadezinha. Com as consequências óbvias.

As cenas de ação e tiroteio (mais gente se machucaria com aquelas armas poderosas) são razoáveis e o resultado, com todos os defeitos, graças a tal equipe não chega a ser tão ruim.