Foi um espetacular sucesso de bilheteria na sua França natal esta comédia que se saiu mais ou menos no Brasil. Só agora tive a chance de assistir e dá para entender o motivo do sucesso. É uma comédia de costumes, como era comum antigamente, em que o francês que não era dado a isso, faz uma crítica bem humorada às mudanças sociais que o país tem sofrido ultimamente. A França é uma sociedade conservadora até demais e por isso mesmo frequentemente acusada de racista. Já que no passado foram colonialistas e exploraram durante muito tempo suas colônias na África ou espalhadas pelo mundo, agora reclamam que os povos de que abusaram tenha emigrado para seus país, que hoje é uma curiosa mistura de diferentes origens, negros da África e Antilhas, judeus, árabes em profusão e mais recentemente orientais.
A Comédia de Chauveron, antes roteirista (não vi outros filmes dele como O Aluno Ducobu e L´Amour aux Trousses,Les Parasites), é justamente um golpe na orgulhoso e prepotência francesa, na história de um homem rico católico que vive no interior com a esposa, numa bela casa (o astro é Chistian Clavier, pouco conhecido aqui mas super astro popular por lá, alguns filmes dele passaram aqui como Os Visitantes, Asterix e Obelix contra Cesar e Cleópatra, onde era justamente Asteríx). É um bom exemplo para os humoristas nacionais que ele em momento nenhum exagera ou cai na caricatura,ou seja, não resvala na Chanchada e nem por isso é menos engraçado. Ou seja, no fundo o filme é bem ousado e necessariamente fantasioso. Obviamente o que sucede no filme é uma fantasia e jamais poderia acontecer na vida real, mas a intenção é justamente essa, a aceitação de diferentes raças e culturas.
Só assim mesmo fica mais fácil rir dos problemas do velho casal que tem quatro filhas que escolhem casar com representantes de outros países, um judeu, um árabe, um chinês e finalmente o que acompanhamos melhor, com todas as atribulações de uma festa de casamento, um negro africano que tem problemas também com sua família. Enfim, a farsa acaba sendo divertida e pode servir também para atingir o espectador com algumas farpas. É raro o cinema Francês enveredar pela auto critica como sucede tão frequentemente com o italiano. Com um resultado bem divertido.