Este é o Kurosawa que não é parente do mestre Akira, mas já é bem conhecido dos que frequentam festivais, em particular a Mostra de São Paulo. Com longa carreira de 43 títulos (entre eles Sonata de Tóquio, Crimes Obscuros), este recente drama espiritualista ganhou no Festival de Cannes na mostra paralela Un Certain Regard o premio de melhor direção. Mas é bom deixar claro que não é para qualquer público, que se encantaria com a trama espiritualista ou um novo Ghost. O filme é lento, cansativo, da poucas explicações e deixa a impressão de não ser bem compreendido pelos ocidentais, menos informados.
Muita coisa fica na adivinhação. A heroína é Mizuki que perdeu seu marido afogado Yusuke há 3 anos mas que nem por isso fica surpresa. Aparentemente ele teria se matado e agora para chegar a outro lado tem que ajudar outros que são uma espécie de mortos vivos. O casal sai pelo interior do país, ele aprende a fritar “quyosas”, e viajar por lugares que eles acham bonito e onde ficam felizes. Mas é tudo passageiro porque a viagem terá que continuar até o outro lado. Os fantasmas não tem muito a ver com os ocidentais e seguem outras regras.
Cito agora o critico português Miguel P que diz: “Se Yusuke, estando morto, nunca difere da pessoa que era enquanto vivo, é porque o amor ou saudade de Mizuki o restituiu e o chama para últimas despedidas sem quase nada alterar na vivência do casal. É a morte assim tão diferente da vida?”. Parece que parte do problema é que o filme é baseado em um livro para mulheres românticas, ou seja, um romance para donas de casa. E por isso não perde o seu ar de evocar a eternidade do amor e do casamento mais do que questionar o que seria essa vida do outro lado, onde nunca se esconde ingenuidades e idealismos sobre a suposta "eternidade". E como conclui Mig