Crítica sobre o filme "Macbeth, Ambição e Guerra":

Rubens Ewald Filho
Macbeth, Ambição e Guerra Por Rubens Ewald Filho
| Data: 14/12/2015

Não é fácil adaptar para o cinema a célebre peça MacBeth de Shakespeare, que tem a péssima fama de ser o texto maldito, que sempre é fracasso e por isso os atores preferem chamá-la de “aquela peça escocesa”. Reza a lenda que durante esta filmagem, diante de fatos estranhos, o projeto passou a ser chamado também assim! O fato é que tive que pesquisar para ver se já houve uma grande adaptação do texto. O IMDB registra 162 filmes sendo o primeiro de 1898, e os mais famosos, o de Orson Welles (48), interessante mas todo feito em estúdio; o de 71, foi dirigido por Roman Polanski e estrelado por um desconhecido Jon Finch, hoje mais lembrado por sua violência. Quase todas as outras adaptações foram para a TV gravadas em teatros. E este ano houve a versão brasileira, chamada ridiculamente de A Floresta Que Se Move. O melhor deve ter sido mesmo o de Kurosawa, Um Trono Manchado de Sangue, 57, com seu favorito Toshiro Mifune. Foi isso também o que disse o diretor Justin em Cannes.

Ou seja, há espaço para outra versão aqui estrelada por um ator do momento Michael Fassbender (Shame) e ainda mais com a presença da francesa premiada com o Oscar, Marion Cotillard. A adaptação foi feita por Jacob Koskoff, Michael Lesslie, Todd Louiso. Embora nenhum deles tenha crédito que os abonem. O mesmo se pode dizer do diretor australiano, Justin Kurzel, que fez o premiado mas desconhecido aqui Snowtown, 11, e agora roda Assassin´s Creed. A trilha musical estranha mas interessante foi composta por Jed Kurzel que é guitarrista e vocalista da banda australiana The Mess Hall. Obviamente como se percebe pelo sobrenome, ambos são irmãos. Também fiquem avisados de que o roteiro mexeu muito no texto, omitindo varias situações importantes (como a morte do filho do casal).

O primeiro problema é a escuridão, hoje em dia é muito fácil rodar com câmeras digitais que dispensam muita iluminação, em especial nos rostos dos atores. Mas Justin exagera, é o Macbeth das Trevas, onde todos viram sombras com poucos contornos, o que prejudica muito o que seriam interpretações. Como o ator esta sempre nas mãos do diretor, é incrível como ninguém esta memorável. Marion em particular tem poucas cenas e passa delas para logo ficar louca. Uma pena (por sinal, ela mantém o sotaque francês que não perturba e substituiu Natalie Portman).

Talvez essa escuridão eterna pode ter sido causada pela falta de orçamento, mas ainda assim é esquisito se ver diálogos em off, seguidos por outros que são ditos pelos atores e completados em off. Faz tempo que desacredito dos prêmios de Festivais em particular Cannes, onde esteve em competição e dizem que foi aplaudido por dez minutos (também foi indicado ao British Independent mas não levou nada). Mesmo para quem conhece o original é bom recordar a trama. Macbeth um escocês, depois de uma batalha onde saiu-se vencedor, esbarra num grupo de bruxas (geralmente são três, aqui um delas é uma meninota, e se dividem na profecia de que ele virá a ser rei. São ajudadas por um rapaz e ficam misteriosas mas não tem a força da ideia de bruxa original).