Crítica sobre o filme "Labirinto de Mentiras":

Rubens Ewald Filho
Labirinto de Mentiras Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/12/2015

Este é o representante oficial da Alemanha para o Oscar de filme estrangeiro, muito bem recebido na Mostra de São Paulo e melhor filme no Festival de Atenas, melhor ator no Bavarian Film Awards, prêmio do público em Les Arcs European Award. Teve cinco indicações ao Oscar local (German Film Awards, mas houve prêmio apenas para Gert Voss (póstumo, ele faz a figura chave do promotor Fritz Bauer). Por isso e por se tratar de um drama real sobre o holocausto ficou a impressão de que ele seria um forte candidato (já que a Academia aprecia particularmente esse tema), mas não me parece um rival a altura do favorito O Filho de Saul (distribuição da Columbia, aqui deve estrear em janeiro!). Curiosamente o filme é dirigido por um ator italiano, Ricciarelli, que antes tinha realizado apenas curtametragens.

A inexperiência dele é um fato negativo do filme, que conta uma história importante e sempre oportuna (inclusive para o Brasil onde se vive atualmente a fuga dos culpados e as jogadas para encobrir fatos vergonhosos). Não gosto das opções que ele tomou com o visual do filme, utilizou um estilo de fotografia e colorido da época, dos anos 50. Mas a direção de arte, o figurino, parece artificial e posado. Isso só se acentua ainda mais por causa da escolha errada do protagonista, que é um loiro duro e inexpressivo, cujo personagem na verdade é uma mistura de vários promotores que estiveram envolvidos no caso. Pensando bem nenhum ator do filme demonstra garra ou veracidade, enquanto o desenrolar da trama é altamente previsível. E repetitivo, já que ficam falando o tempo todo na captura de Mengele na Argentina que no final das contas estava sossegado no Brasil. Ou seja, o roteiro se repete e vai terminar da forma mais óbvia possível.

Sabe-se que os aliados fizeram um processo de "desnazificação" logo depois do fim da Segunda Guerra. Mas logo começou a Guerra Fria e outros assuntos foram mais urgentes e Berlim foi dividida. Nessa de esquecer o passado muitos criminosos nazistas que agiram em campos de concentração saíram incólumes e assumiram outras profissão, principalmente professores. Isso que levou então ao Julgamento de Frankfurt /Auschwitz que aconteceriam anos depois do inicio do filme, entre 1963-65.

Mas o filme começa em 58 com a figura de promotor jovem chamado aqui de Radmann que tenta investigar o caso e a única pessoa que lhe dá atenção é o Procurador Geral Fritz Bauer (Voss), que manda ele organizar um pequeno grupo e fazer a pesquisa para desenterrar velhos documentos e culpados. Embora tenha variantes românticas com uma modista para tornar o filme mais leve, não chega a ser o docudrama que pretendia, nem tem o impacto que o tema e a denúncia merecia.