Depois do excelente documentário parcialmente brasileiro que foi O Sal da Terra, Wim Wenders já fez mais dois filmes inéditos (The Beautiful Days of Aranjuez e Submergence, ambos com Alicia Vikander e James McAvoy) e apresenta agora este mais modesto canadense Tudo vai Ficar Bem (Every Thing Will Be Fine,15) que passou em branco em Berlim.
Para mim, o problema é a presença do insuportável James Franco. Espero que não seja cisma minha, mas desde aquele vexame que deu como apresentador do Oscar, o pior em todos os tempos, não consigo levá-lo a sério, sempre esconde um ar de zombadeiro e cínico que me impede de levá-lo a sério (por favor, leve em conta que posso estar me equivocando. Mas isso é raro). Ainda mais quando aqui representando um sério e infeliz escritor que está em crise com a mulher (Rachel McAdams, já na fase morena que a fez crescer infelizmente num papel menor) numa região de muita neve. Começa com ele num lago gelado, após ter dormido numa cabana perto de pescadores (que abrem buraco no gelo) e que vai fazer as pazes com a mulher, quando numa viagem pela neve provoca acidente ao atender o fone. Essa sequência é intrigante, porque a princípio ele pensa que atropelou um garoto que brincava na neve e só depois quando vai falar com a mãe (a francesa e discutível Charlotte Gainsbourg) é que descobre que havia outro irmão que ficou debaixo do carro. Morto. Só que tudo é tão sutil que é preciso depois que Franco tente o suicídio (ainda que não parece ter vontade total de se matar) para que seja mais ou menos perdoado criando uma estranha ligação com a mãe das crianças.
Para complicar ele ainda tem um pai doente e irascível (o muito envelhecido Patrick Bauchau). Mas como uma história dessas é difícil encontrar uma saída. Ironicamente depois desse drama, Franco passa a escrever melhor! Enfim, a história da um pulo e ele que continua o mesmo debochado disfarçado agora tem que lidar com o agora adolescente sobrevivente revoltado. A conclusão me pareceu ainda particularmente inverossímil.
Enfim, fiz desta vez uma critica muito pessoal e sempre sincera. Ao menos assim podem mais facilmente concordar ou discordar.