Depois de ter sido indicado ao Globo de Ouro, ganhar prêmios no European Film Award (desenho de produção), Austin, Biografilm, dois prêmios do Publico no Norwegian, e melhor atriz em Sitges, este filme belga foi um dos finalistas para o Oscar de filme estrangeiro. Vale a pena assistir esta comédia irreverente, original, criativa e talentosa que não parece nada que tenha visto antes. Uma fantasia deliciosa que confirma o talento do diretor, que fez muito sucesso no Brasil com Toto, Le Herós (Um Homem com Duas Vidas), premiado em Cannes e que repetiu a dose logo depois com O Oitavo Dia (96) sobre um garoto com síndrome de Down (o ator faz uma ponta aqui em que a mãe tenta sufocá-lo com o travesseiro). O filme seguinte Sr Ninguém (Mr Noboby, 09) tinha Jared Leto e era fora do comum, mas passou em branco, assim como outro que não passou aqui (Kiss & Cry, 11). Mas Dormael retorna com tudo aqui num filme difícil de resumir porque pode tirar a surpresa do espectador. Começamos dizendo que Deus está vivo e mora em Bruxelas! Só que esse Deus é um cara malvado, mal humorado que faz mal a humanidade e neutraliza a esposa (Moreau) e trata mal da filha única (Pili) que se rebela contra a ele, liberando a informação secreta de quando as pessoas irão morrer. O que provoca uma incrível confusão com as pessoas...
A menina chamada Ea não tem dúvida, depois de apanhar do pai, escapa através de uma maquina de lavar (sim, o filme tem momentos surrealistas, mas em geral são poéticos e encantadores) e vai parar numa cidade grande onde está decidida em conseguir mais 6 apóstolos para mudar as coisas (isso veio como conselho do seu próprio amigo J.C. Jesus Cristo, cuja imagem ela tem em seu quarto). Parte assim através de seus novos escolhidos (entre eles a única estrela é a madura Catherine Deneuve, que consegue uma alternativa para seu marido desagradável) e um deles é um garotinho que antes de morrer como estava previsto quis se vestir de menina!
É verdade que o filme tem um certo desequilíbrio já que não foi possível manter sempre o mesmo ritmo e nível de humor, brincar com todas as ironias sem ofender ninguém. Mas é um dos filmes mais originais e críticos dos últimos tempos. Acho obrigatório para quem gosta de cinema. E reclama da vida!