Crítica sobre o filme "Raça":

Rubens Ewald Filho
Raça Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/06/2016

Filho de esportista, desde criança eu ouvia as histórias que meu pai contava sobre Jesse Owens e seu notável feito durante as Olimpíadas da Alemanha nazista, cheguei mesmo a visitar o lendário estádio de Berlim onde derrotou Hitler. Mas só agora tive a chance de assistir um filme biográfico sobre ele e mesmo assim uma produção modesta. Não sei como conseguiram fazer uma produção decente e de época por menos de dez milhões de dólares, sendo que a renda não foi adiante dos 19 milhões, triste sinal de que nem os blacks americanos já sabem direito que foi ele (houve apenas outro filme sobre ele, mas feito para a TV em 84 estrelado por Dorian Harewood, e menção rápida em Invencível de Angelina Jolie). Ou seja, não estão interessados no assunto, nem antes, nem agora.

O que é uma pena, porque é uma incrível história que é narrada de forma convencional, driblando detalhes comprometedores e apresentando uma versão genérica do conflito, já que mesmo agora o problema racial, melhorou um pouco mas não foi solucionado, ao contrario, voltou a se agravar. Impliquei de cara com a ideia de escolher um comediante e não muito bom ator Jason Sedukis na figura chave do treinador que o descobre e prepara. Não esconde ao menos que ele já tinha um filho pequeno e uma futura esposa quando vai para as Olimpíadas (também não acreditei nada no discurso de Jeremy Irons faz enfrentando os nazistas). Mas estou aqui para celebrar e não destruir um filme mediano (o diretor Stephen Hopkins já teve maiores dias de glória antes com Predador 2, Sob Suspeita e conquistou o respeito novamente como produtor executivo da série de TV House of Lies!).

Foram necessários 19 produtores e certamente não quiseram perder seu tom um pouco didático. Mas talvez o momento mais forte seja justamente um confronto entre o chefe nazista que faz chantagem com o americano (Irons) para que ele tire da competição dois fortes corredores judeus, pelas razões óbvias. O que faz o vilão nazista é brilhante (o alemão Barnaby Metschurat, que interpreta Goebbels) assim como é interessante Carice que dá vida discretamente à famosa diretora Leni Riefensthal. Pena que o jovem Stephen James seja apenas correto (não marcou em filmes como Selma Um Luta pela Liberdade, o resto é menos conhecido ainda). Enfim, não é a biografia dos meus sonhos. Mas serve de introdução a uma história tão famosa e tão ainda oportuna.