Temos novamente novo filme de Tim Burton baseado em livro juvenil de sucesso (na verdade trilogia) que é muito parecido com outros de origem semelhante trazendo muitas das qualidades e defeitos de seu estilo. Talvez a falha mais grave seja desaparecer com a figura mais interessante do elenco logo no começo (e depois rapidamente no final) quando justamente cabia a Miss Peregrine comandar a narrativa. Faz falta a sempre interessante Eva Green como Miss Alma (recém saída da série de TV, infelizmente terminada, Penny Dreadful).
Sempre é uma tradição do diretor Burton realizar uma direção de arte e design de produção extremamente criativa e se possível original. E aqui isso se repete, assim como a tendência de não deixar a narrativa fluir. Apesar de que no recente Alice Através do Espelho tenha errado justamente no oposto, no exagero. Mr.Burton está mais tímido aqui, onde colocou como o protagonista o já quase adulto Asa Butterfield (que virou adolescente magrinho e menos sensível que filmes anteriores!). E, na verdade, não adiantou chamar atores veteranos às vezes em pontinhas (Judi Dench, Rupert Everett) de vez enquando assustadores (e dizer que Terence Stamp agora o avô já foi chamado do homem mais bonito de sua época!) e delirantes (será possível se fazer algum filme sem Samuel L. Jackson?).
A história nos livros se passa em 1943, em plena Segunda Guerra e Jake vai tentar resolver o mistério das crianças que ainda viveriam por lá. Somente no terceiro ato é que a ação explode com as perseguições, explosões e reviravoltas de hábito. Para mim foi o suficiente. Pode não ser o melhor Burton (eu fico ainda com Bettlejuice!), mas é o suficiente para encher os olhos e palpitar o coração.