Difícil entender como um produtor de cinema irá investir num filme que teve orçamento generoso (não se especifica, mas pelo elenco, deve ter custado por volta de 25 milhões de dólares e rendeu apenas 1 milhão trezentos e poucos, sem retorno no exterior). Talvez a questão seja de que o filme tenha ido direto para o Video on Demand, ou coisa que o valha (a produtora é mestre disso, Roadside Attractions). Por que em situação alguma seria um campeão de bilheteria, apesar do elenco ilustre. Imaginem que esta é a história de um americano editor de livros para um grande editora, no caso a Scribner (isso à moda deles, onde a função do editor não é apenas ler o livro mas mexer frase a frase, palavra a palavra até ter uma obra de um tamanho razoável mas também de impecável consistência!). No caso, a pessoa de Maxwell Perkins, responsável pela edição de autores geniais como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, e o menos lembrado aqui Thomas Wolfe (os dois primeiros são interpretados em cenas curtas, Fitzgerald por Pearce, Hemingway por Dominic West). E Nicole Kidman faz a problemática esposa de Wolfe. A única americana é a sempre excelente Laura Linney que e a mãe de quatro filhas e esposa de Maxwell (vivido pelo sempre discreto Colin Firth).
Acho uma ousadia dar a direção deste filme a um diretor de teatro estreante, Michael Grandage, que é diretor do teatro britânico Warehouse - já por definição indicado para poucos (Wolfe, por exemplo, e sua obra Look Homeward Angel, é pouco conhecida aqui) com essa temática por definição estéril: um editor que corta páginas inteiras e o autor pretensioso e chato que luta para mantê-las. O pior nem por isso o texto é citado em voz alta para podermos apreciá-los melhor.
Há uma sucessão de brigas e discussões, todos representando bem... até com tentativa de suicídio... mas só mesmo quem for apaixonado por literatura irá apreciá-lo.