Este filme marca o retorno do antigamente famoso diretor Oliver Stone que foi perdendo credibilidade com filmes onde defendia teses politicamente duvidosas só para criar polêmicas e por fim confusão. Aqui no Brasil ele viria a uma das Mostras de São Paulo mas foi bloqueado quando não o deixaram entrar no pais porque não tinha “visto” brasileiro (ele estava apresentando um documentário horrível onde tentava santificar os governantes do Brasil, Venezuela e Bolívia, todos hoje já de patéticas histórias de fracassos. O filme se chamou Mi Amigo Hugo (Chavez) de lamentável passado e carreira). Mas Oliver teve seus momentos (acabou de completar setenta anos e não demonstra sinais de preguiça, este seu filme tem inúmeras locações, grande elenco e enorme falação. E teve 19 produtores!). Teve maior sucesso e respeito quando foi premiado com o Oscar com Platoon (86) e depois com os interessantes Wall Street I e II, Nixon, JFK a Pergunta Que Não Quer Calar, Salvador, Nascido em Quatro de Julho, a biografia dos The Doors. Mas também o excessivamente violento, Assassinos por Natureza, o fraco Selvagens, o muito decepcionante W. Sobre George Bush!
Volta aqui num filme de 40 milhões de dólares (que rendeu 21) e que acaba se tornando redundante e como sempre muito discutível. Na verdade, aqui no Brasil deve interessar uma parcela pequena do público, os curiosos por política e tecnologia e mesmo a História americana, onde mais uma vez se comprova que há uma longa distância entre os que os governos afirmam e aquilo que na verdade professam! O personagem ainda está hoje na Rússia na falta de outro lugar melhor (mas a terra de um ditador maluco não parece nada segura!), mas acho difícil consumir um filme longo e confuso sobre um sujeito de valor discutível. Ainda mais com um ator que quando mais tenta, pior vai ficando.
Num primeiro momento eu até torci por Joseph Gordon-Levitt (cujo avô foi um grande diretor, Michael Gordon, que fez com Doris Day e Rock Hudson Confidencias a Meia Noite e teve problemas com a perseguição do McCarthismo!). Até porque havia sido coadjuvante em série de comédia de TV (3rd Rock of the Sun que foi grande sucesso). Mas passada a surpresa continuou fazendo personagens que se repetem e a que nada acrescenta. Não é versátil e faz tudo com a mesma cara de perdido, nem como jovem rebelde chega a imprimir. Vide como foi mal recentemente em A Travessia, aqui ainda mais porque nem se parece de longe com o verdadeiro protagonista, Edward Snowden.
Logicamente o filme segue o que se imagina, a trajetória do rapaz desde que resolve ir trabalhar no Serviço Secreto americano aproveitando seu especial talento para lidar com computadores e que tais. Chega a ser até curioso ver Nicolas Cage fazendo pouco mais do que um ponta e não matar ninguém como tem feito em fitinhas insuportáveis. Reuniu-se um elenco de peso em torno das confissões de Snowden, mas tudo vai se acumulando de maneira previsível (nem o romance com Shaileene convence muito) e sem grandes novas revelações. Ia dizer que talvez para americano o filme pareça mais interessante do que para nós. Mas seria besteira, vendo pelo filme o que experts fazem nos bastidores e são capazes de fazer com a gente, só mesmo temendo por nossa sorte nas mãos de qualquer espião ou pseudo autoridade.