Pela média atual, em que quase todos os filmes americanos estreiam simultaneamente e até antes, é uma curiosidade que este Sully chegue com bastante atraso. Talvez porque tenha sido sucesso (o diretor Eastwood além de fazer o bom trabalho de sempre, conseguiu realizá-lo por apenas 50 milhões, apesar de ter muitos detalhes técnicos e a renda já chegou aos 120 milhões). Talvez porque não quiseram bater de frente com “Inferno”, mas irão enfrentar uma difícil temporada de compras de Natal.
O que se pode dizer é que Tom Hanks parece ter reencontrado sua melhor forma, fazendo um personagem real que tem os cabelos brancos que se tornou conhecido no mundo inteiro por seu feito único, ele conseguiu descer seu avião no Rio Hudson (aquele que circunda Manhatan) e de tal forma que toda a equipe e passageiros escaparam sãos e salvos. Como a história e principalmente seu fim já era conhecido, eles procuraram apimentar um pouco a trama, começando com um pesadelo em que o capitão Sully sonha com um desastre aéreo nos céus de Nova York e acorda assustado. É curioso, por exemplo, que nunca vejamos o Capitão Sully num mesmo plano com sua esposa (feita pela sempre ótima Laura Linney), no máximo estão se falando ao telefone em lugares diferentes. E como era preciso haver algum suspense, o roteiro muito espertamente logo coloca como adversários a própria companhia de aviação que se sente ameaçada por seguros e possíveis perdas, tratando o herói com desprezo e dúvida. Então o julgamento final é guardado para o final, o que aliás funciona muito bem.
Não acho necessário explicar mais, apenas louvar o roteirista, a competência de Clint (aliás nunca negada, mesmo sendo a favor de Trump), a simpatia do protagonista e a naturalidade dos que interpretam os passageiros e equipe. Afinal quem não gosta de uma história real de heroísmo e dignidade...