Este tem sido um ano esquisito para o cinema e as premiações, muitas vezes surpreendendo por ser tão pouco comercial ou difícil, como o novo filme do diretor Martin Scorsese. Outros chegando um pouco tarde para ter um lugar especial dentre os favoritos como está sucedendo com esta comédia dramática que acabou tendo inesperado público nos EUA, principalmente por ser uma história divertida, original, surpreendente e por trazer um elenco de atrizes negras formidáveis.
Embora outros filmes do gênero black sejam quase todos pesados e dramáticos demais, este aqui tem apenas um defeito horrível e costumeiro, o titulo nacional é uma bobagem. Que estrela o que, as três mulheres são gente comum, inteligentes com certeza, espertas e brilhantes por vezes, mas nada de estrelas.
E é isso que tanto agrada no filme, que seria menos sucedido se o diretor Willimam Melfi, praticamente desconhecido, não tivesse adotado uma narrativa divertida e inesperada, que faz a gente torcer pelas heroínas e ficar do lado delas, sem exagerar também nos vilões... O fato é que todo mundo sai falando como é possível que nunca ficamos sabendo desse caso real - até porque nos letreiros finais aparecem as fotos das heroínas verdadeiras!
O bacana do filme é que, além de divertido, isso quer dizer que é quase uma comédia, mesmo quando esta mexendo com temas sérios. Porque é uma loucura não ficar sabendo que no começo e também auge da corrida para o espaço quando os russos estavam na frente e os americanos tentavam superar o tempo perdido, existiu um grupo de mulheres que eram geniais em matemática e equivalentes mas que ficavam escondidas e quase proibidas, porque os gênios de Cabo Canaveral, como se chamavam então, não podiam admitir que mulheres e ainda por cima negras fosse mais espertas e inteligentes que eles, quando viviam principalmente ali na Flórida, num mundo de racismo (eu me lembro ainda de ter ido lá na Flórida ainda garotão e ficar horrorizado com o que filme mostra, banheiros só para negros, ônibus e principalmente escolas!).
Tudo isso vem no filme que tem um elenco formidável, onde é difícil dizer quem é o melhor, foi muito esperto colocar como quase vilões gente que o público gosta e aprecia como Kevin Costner ou Jim Parsons e até mesmo o piloto que logo depois iria fazer a viagem espacial e morreu há semanas atrás.
As estrelas, como deseja o título, é a encantadora já vencedora do Oscar Octavia Spencer por Histórias Cruzadas, mas inclui também ótimos coadjuvantes como o Mahershala Ali que é o mesmo astro de Moonlight e a revelação atual na série Luke Cage, onde faz o vilão e duas outras estrelas musicais. Todas na verdade deveriam ter sido indicadas aos primeiros prêmios e agora tiveram suas indicações ao Oscar. Outra coisa: eu vibrei e adorei a trilha musical que tem a ver com Pharrell Williams. Mulheres principalmente não devem perder o filme.
Detalhes: o diretor Melfi fez antes a comédia um santo vizinho, 14 com Melissa Maccarthy e Bill Murray mas nada explicava a qualidade deste trabalho. A protagonista do filme você já conhece de outros filmes e da TV foi indicada até como coadjuvante Taraji P Henson, que foi indicada ao Oscar já e tem uma cena de ataque de nervos incrível no filme, ela é aliás estrela em série de TV. E ainda a cantora Janelle Monae, ótima também em Moonlight. Falta ainda mencionar a admirada Kirsten Dunst que a secretária branca ainda que envelhecida.