Uma coisa de que não se pode queixar do Oscar é o belo trabalho que já há alguns anos eles vem fazendo, selecionando o que há de melhor em filmes de animação, não apenas os da Disney (que também nunca estiveram tão férteis). Sempre fazendo questão de descobrir projetos novos e interessantes como este aqui que ganhou o prêmio especial do júri do Un Certain Regard do Festival de Cannes e que teve também cinco indicações ao Annie (o Oscar do gênero) como filme, direção, efeitos, roteiro e música. Dentre outras, mas geralmente não ganha até porque não é endereçada a crianças pequenas que dificilmente embarcarão no projeto.
Mas para os admiradores do gênero, o interessante é que o diretor holandês (que fez Father and Daughter, 2000, La Moine et le Poisson, 94) tenha trabalhado também como animador em outros projetos, até no Fantasia 2000. Ele teria inclusive recebido uma TV de alta definição (que deu para caridade) quando fez o discurso menor do Oscar da academia (2001). Mas este filme foi rodado no Japão no famoso estúdio Bhigli, que eram os mais importantes do Japão, mas fecharam e agora trabalharam com apenas mais 6 artistas neste filme. Mas sentem-se o toque oriental. Com a direção de Idao Takahata, é uma história muito poética sobre um ciclo de vida. Sem diálogos apenas a narrativa do náufrago que chega a uma ilha solitária, onde tenta sobreviver. Aos poucos faz amizade com uma tartaruga, que irá se transformar numa mulher e formar uma família, com um filho. Como disse o Frances Olivier Blachelard, o filme se torna progressivamente uma ode à sobrevivência, uma história de vida e de amanhã!
Admirador total do estilo japonês de animação, eu me encantei com esse filme tão delicado, poético e romântico. Não vai ganhar o Oscar, mas é muito legal que o tenham escolhido entre os cinco indicados.